Conhecendo o Leitor

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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Nota Falsa

Alguns meses atrás, eu atendi um homem na farmácia onde trabalho. Ele queria um shampoo de cetoconazol que custava 10 reais. Na hora de pagar, ele me deu uma nota de 50 reais. Quando eu peguei a nota, pensei “Essa nota é falsa! Parece que está meio borrada...”. Eu fiquei completamente sem ação, fiquei abobado, foi como se alguém tivesse dado um murro na minha cara. E demorei para dar o troco porque naquele momento só pensava no que eu poderia fazer, mas sem constranger o cliente. Eu, pelo menos, me sinto ofendido quando, ao pagar uma conta, vejo o caixa analisando a nota para saber se é falsa. É como se a pessoa dissesse “Você não tem uma aparência boa e provavelmente não tem condições de conseguir esse dinheiro de forma honesta.” ou, simplesmente, “Você tem cara de marginal, seu bandido safado!”.

Eu fiquei com vergonha de desconfiar do homem.

Por isso, não conferi a nota, deixei para fazê-lo enquanto ele estivesse indo para o carro. Então, eu pensei em anotar a placa do carro para que se fosse falsa, pelo menos eu saberia quem havia me dado a nota. Mas, infelizmente, tive que atender um outro cliente (só para registro: era um médico grosso, sem educação) e quando terminei, o homem já tinha ido embora. Só nesse momento, pude conferir a nota e verificar que realmente era falsa. Não havia marca d´água. Em vez disso havia uma impressão grosseira dela, onde era possível ver os “pixels”!

Eu quase chorei! Nossa, como eu tive vontade de chorar! Não por ter perdido os 50 reais, mas por ter sido enganado, por ter sido idiota, um trouxa. E por querer acreditar mais uma vez no que eu já não acredito há muito tempo: nas pessoas. Sempre que eu dou uma chance delas provarem que valem a pena, elas mostram o contrário.

O prejuízo fico com a farmácia. Embora eu quisesse pagar, pois me senti na obrigação de fazer isso, meu patrão não aceitou. Custou 50 reais, mas estou mais esperto, mais agressivo, mais desconfiado e menos confiante nas pessoas. A maioria delas valem menos do que uma nota de 50 reais falsificada.

Eduardo Franciskolwisk

domingo, 18 de janeiro de 2009

O Assassinato de Laurinda

E aí? O que me dizem? Alguém aí sabe quem matou Laurinda?


Não percam a parte 2!!!!


Eduardo Franciskolwisk

sábado, 10 de janeiro de 2009

Seção Retrô! - "Em Busca do Impossível"

Entrou uma mulher acompanhada de sua filhinha na lanchonete da esquina. Ao vê-la gritou tapando com as mãos os olhos da filha:
- Mas quanta ousadia a sua! Não vê que aqui é um lugar de família? Que baixaria!
A mulher, já com sua filha nos braços, deu meia volta e saiu indignada da velha lanchonete.
Ela, então, terminou de tomar sua água, aparentemente estava calma e se perguntava por que onde quer que ela fosse ou passasse as pessoas a apontavam ou fugiam, não sobrando ninguém.
Lembrou-se do dia em que estava andando normalmente pela calçada da rua principal da cidade e, no meio de tantos olhares agressivos, escutou uma voz infantil no mais alto e claro som:
- Olha lá, mamãe! A vaca está na calçada!
Ela sentiu uma dor imensa ao escutar isso dos lábios de um ser que, pela idade aparentada, devia ser tão inocente. Ela era vaiada, mesmo nunca tendo feito nada de mal a ninguém.
A angústia continuava a fazê-la pensar, e estava tão distraída que só caiu em si quando já estava a dois quarteirões da lanchonete. Caiu em si para ouvir mais um desaforo. Dois garotos a viram e um fez questão de imitá-la em relação ao efeito sonoro:
- Muuuuuuuuuu!
O outro se satisfez apenas dando boas e compridas gargalhadas.
Desde que havia se mudado para aquela cidade, sua vida não era a mesma. Sua mãe tinha lhe dito que seria difícil, porém resolveu enfrentar todos os desafios.
- Não vá, minha filha! A vida na cidade grande não é para nós.
Mas a vontade de conhecer era muito grande.
- Tudo bem. Mas se algum dia você quiser voltar, estaremos sempre prontos para recebê-la. – disse a mãe quando viu que não ia mudar a opinião da filha.
E foi por isso que ela foi para a cidade.
Realmente, nada estava sendo fácil! Não tinha emprego e só algumas vezes arranjava algum homem que lhe desse trabalho em troca apenas de comida e água, como o dono da lanchonete da esquina. Ele era a única pessoa que não se importava de tê-la por perto. Ele nem se importava sobre as coisas que a cidade falava:
- Nossa! Você viu? Olha ele ali com aquela vaca! – dizia um.
- A que ponto chegamos, meu Deus! – falava uma outra.
Talvez fosse porque ele era uma pessoa sozinha. Não tinha filhos e sua mulher morrera em um assalto que houve lá na lanchonete mesmo. Ele precisava de companhia.
Ela, ao atravessar uma rua, provocou grande revolta e sustos nos motoristas.
- Quem colocou esse bicho no meio da rua? – gritou um que acabava de dar uma freada brusca para não atropelá-la.
Um carro do IBAMA que acidentalmente passava por ali, parou para defendê-la.
- Se alguém encostar nessa vaca para fazer algo de mal eu tomarei as devidas providências!
Ela, no meio dessa confusão, lembrou do que a mãe tinha falado e decidiu voltar para casa. Fugiu dali com uma certa dificuldade, mas em algumas horas já estava com os pés na estrada. Sentia-se triste, mas não muito. Estava voltando para casa.
A vaquinha caminhou lentamente até chegar na fazenda onde nascera. E durante toda a viagem balançava o rabo para lá e para cá. Isso era coisa que ela tinha aprendido com um cachorro para expressar felicidade, a felicidade de ter, pelo menos, lutado para conquistar o seu grande sonho.

Eduardo Franciskolwisk

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