Conhecendo o Leitor

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A bruxa e a passarinha

ninho

Era um dia ensolarado quando a passarinha disse ao marido:

– Querido, hoje, enquanto você trabalha, voarei por aí para procurar uma árvore que seja aconchegante e bonita. E, se eu encontrar alguma, com certeza lá faremos o nosso novo ninho.

E o passarinho respondeu:

– Tudo bem, querida! Mas não se esqueça que você não pode fazer muita força. Quero que meus filhotes nasçam com muito fôlego para piarem! Agora, já estou atrasado, tenho que ir.

Ele deu uma bicadinha no bico da passarinha e levantou vôo. Ela, que estava ansiosa para começar a procurar uma árvore bonita, não demorou muito. E após terminar de se enfeitar, também se pôs a bater assas.

– Como tudo isso é belo. Vejo que será difícil escolher um lugar.

Logo mais, a passarinha percebeu que todas as árvores nas quais ela queria fazer seu ninho, já estavam habitadas. Mas ela não desistia, sempre levantava vôo novamente para procurar um espaçozinho adequado.

Quem procura, sempre acha. A passarinha também. Ao avistar a árvore mais bonita que já tinha visto, pensou:

– Muito bonita, mas já deve estar com seus galhos cheios de ninhos. De qualquer modo, vou até lá. Quero que meus olhos vejam bem de perto o esplendor que um dia eu sonhei para fazer meu ninho.

Enquanto ia chegando mais perto, seu coração disparava cada vez mais. Quanto mais se aproximava, mais lhe parecia que não havia nenhum morador naquela árvore. Ao pisar no galho, quase chorou. Não tinha somente um pequeno lugarzinho onde coubesse seu ninho, mas sim, qualquer galho ou folha que ela quisesse ter.

Tudo era muito bom. Olhou para os lados e viu uma casa muito antiga: imaginou que ali vivia uma senhora bondosa. Olhou para o chão e viu pequenos galhos: pensou em como seria fácil construir seu ninho.

Começou a construí-lo devagar. Mas tudo era muito fácil e em pouco tempo o ninho já estava pronto, do jeito que ela queria. Ficou tão emocionada que pensou em botar um pombo correio para procurar seu marido, mas, naquele momento, só conseguiu botar ovos. Três ovos.

A passarinha sentou-se em cima deles e o tempo passou. Não percebeu anoitecer, não percebeu adormecer, porém, percebeu-se acordar:

– Meu marido deve estar muito preocupado comigo. Como conseguirei avisá-lo de tamanha felicidade se por aqui não vejo nenhum pombo correio passar? Terei eu mesma de ir encontrá-lo. Vocês, meus filhotes, ficarão sozinhos por um tempo. Mas nada de ruim acontecerá. Logo, logo, eu voltarei!

Ela estava preocupada com os filhotes. E nas duas formas da palavra: ela foi voando encontrar seu marido.

A cortina da janela da casa que aberta a espiava, se fechou. Uma velhinha de feições nada amigáveis apareceu no quintal. Aproximou-se da árvore. Com as mãos abrindo as folhas que lhe tapavam a visão, procurou até achar o ninho. Percebendo que o alcançava sem grandes esforços, pegou os três ovinhos com o mesmo cuidado que pegava pedras e os levou para dentro de sua casa.

Ao chegarem na árvore, pouco tempo depois, passarinho e passarinha se surpreenderam. Ele quis saber:

– Querida, onde estão nossos filhotes.

A passarinha, sem ar, disse:

– Eu não sei, os deixei aqui. Acho que a senhora que vimos no quintal, bem perto da árvore enquanto voávamos, sabe onde eles estão.

Voou para dentro da cozinha pela porta que a velha tinha deixado aberta. Lá estava a velha com os três ovinhos em cima da pia.

– Senhora, me desculpe, mas esses ovos são meus filhotes. Eu vim buscá-los!

– Como seus filhotes? – retrucou a velha malvada.

– Eles estavam no meu ninho, na árvore ali de fora, são meus filhos!

– Claro que não. Tudo o que aquela árvore dá ou que o que dá nela é meu, pois a árvore é minha.

– Vejo que você não é a velhinha bondosa que estava nos meus sonhos. Vejo que você é uma bruxa e por isso, tenho uma proposta a fazer.

Antes mesmo de que a bruxa falasse alguma coisa, a passarinha continuou:

– Pertenço a uma espécie rara de pássaros. Para que nossa espécie não desapareça, fomos abençoados: o pássaro que botou os ovos poderá realizar um desejo para cada filhote que nasça. No caso, você, somente você, teria direito a três desejos quaisquer.

Desconfiada, a velha perguntou:

– Posso pedir qualquer coisa? Qualquer uma?

– Pode! – respondeu a passarinha – Geralmente, pelo que me disseram os meus antepassados, as pessoas pedem dinheiro, poder e vida eterna, nessa mesma ordem. A minha espécie não bota mais do que três ovos no ninho. Você quer devolver meus filhos para o ninho para que eu lhe conceda os três desejos?

A bruxa pensou bastante, mas concordou.

– Então, já que estamos de acordo, ponha meus três filhotes onde estavam.

E assim a velha fez.

A passarinha voltou a chocá-los. E o marido sempre ficava ao lado dela. O tempo certo se passou e o primeiro ovinho foi quebrado pelo bico do despenado. A passarinha chamou a bruxa:

– Bruxa, venha ver. O seu primeiro desejo acaba de nascer.

Ela veio correndo e perguntou:

– Já posso fazer meu desejo?

– Sim, já pode! – respondeu a passarinha.

– Quero dinheiro, muito dinheiro! Quero riqueza. Não agüento mais essa casa velha.

– Seu desejo será realizado!

A velha piscou os olhos, mas não viu nenhum dinheiro na sua frente. Piscou de novo, mas desta vez mais devagar e nada do dinheiro.

– Onde está o meu dinheiro, seu ser insignificante? – gritou enraivecida!

– Calma, bruxa! Os desejos se realizarão quando todos os três nascerem. Ainda faltam dois.

Furiosa, a velho entrou em casa. Estava com muita raiva naquela hora.

– Veja, querido! Mais um ovo está se quebrando. – e novamente gritou para a velha – Bruxa! Venha fazer seu outro pedido!

Lá estava a mulher de novo!

– O que quererá? – lhe indagou.

– Poder! Todo o poder do mundo.

– O seu desejo será realizado!

Novamente, nada mudou na velha. Nem se sentia um pouquinho mais poderosa. Mas sim, muito nervosa. Quase desesperada.

– Eu já expliquei, não fique assim, os desejos só serão realizados quando meu último filhote nascer.!

A velha entrou pela cozinha preocupada, passando a mão na cabeça.

Naquele dia, esquisitamente, não nasceu mais nenhum pássaro. E nem no outro dia. E nem no outro. Muito menos no outro. Bastante tempo se passou e os que já haviam nascido já tinham peninhas, já estavam no momento certo para aprenderem voar. O papai-pássaro trabalhava e não tinha tempo para ensinar aos filhos como bater as asinhas. Por isso, o serviço deveria ser feito pela mamãe deles. No dia no aprendizado, ela gritou pela velha.

– Bruxa! Bruxa! Vem cá. Acho que hoje nasce meu terceiro filhote.

A velha foi correndo. Mas teve de escutar algumas explicações:

– Olha, bruxa, sairei com meus dois filhotes já nascidos para ensiná-los a voar! Acho que o atrasadinho aí nasce hoje. Como não tenho outra escolha, além de confiar em você, quero que tome conta dele enquanto eu estiver fora.

A velha sorriu maliciosamente e disse:

– Eu cuidarei bem dele. Tão bem que será capaz de nascer sob meus cuidados.

Ouvindo isso, a passarinha começou a instruir seus filhotes:

– Primeiro, ponham as asinhas para cima, depois para baixo. Para cima, para baixo. Agora pulem meus filhotes!

Agora eles já estavam voando, e a mãe os seguiu, dando as instruções finais. Voaram para longe, bem longe. A velha até pensou que eles não voltariam!

– Será que essa passarinha vai voltar? Bem, acho que sim! Ela não iria abandonar o filhote. Mas... será que ela sabe o que eu fiz? Será que ela viu o pequeno furo no ovo? Não... acho que não... ela é muito burra. Bem, tenho de agir rápido.

A velha entrou na casa com as mãos vazias e saiu alguma coisa em uma delas. Um rato. Era um rato.

– Do jeito que essa passarinha é burra nem vai perceber que isso é um rato. Sorte minha ter achado uma ninhada desses na sala de casa.

E pensando isso, pôs o ratinho recém-nascido no ninho e esperou que a passarinha chegasse para fazer o seu terceiro pedido. E, claro, para que todos juntos se tornassem realidade.

Viu de longe um pássaro. Seria ela? Pensou. Sim, era ela. Ao pisar no galho, a passarinha se surpreendeu! A velha falou:

– Pronto, seus três bichos nasceram, agora, realize meus desejos. Meu terceiro desejo é vida eterna.

A passarinha contestou:

– Como? Você não tem direito a um terceiro desejo. Quem você acha que engana? Desde quando ratos saem de ovos?

A velha tentou falar algo, mas não deixaram.

– Nesse jogo, ganha o mais inteligente. A sua fome devorou o meu filhote, mas a minha sabedoria salvou os outros dois. A sua fome não foi saciada com meu filhote, você queria mais: riqueza, poder e vida eterna. Você foi cínica, eu também. Você foi falsa, eu também! Mas o pior de tudo é que você foi burra. Sabe por quê? Você acreditou numa história que um passarinho te contou!

A passarinha não saiu ilesa, também perdeu. Mas perdeu muito menos do que perderia se ficasse de asas cruzadas.

Eduardo Franciskolwisk

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Download do meu livro

 

capa 

Ando sumido do blog ultimamente, sei disso.

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Eduardo Franciskolwisk

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