“Amar é ter um pássaro pousado no dedo.
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar.”
Rubem Alves
Ontem li um artigo que falava sobre o amor romântico e de como este romantismo sumia com o dia-a-dia.
No amor romântico, nós idealizamos a pessoa como se elas fossem deuses, perfeitas. E mesmo que não perfeitas, imaginamos que seus “pequenos defeitos” nunca vão nos irritar. Mas as coisas não são bem assim quando o amor perfeito vira realidade. Uma meia fora do lugar pode ser a gota d´água para que arrumemos uma discussão lascada.
Sortudas são as pessoas que conseguem ter um amor romântico ou – por que não? – um amor platônico transformados em realidade. No meu caso, nesta área da minha vida, não faço parte dos sortudos. Faço parte dos azados. Nunca dei certo no amor.
Quando digo isso, quero dizer que todas as meninas, garotas ou mulheres por quem fui apaixonado, nunca me corresponderam de nenhuma forma. E é daí que vem o meu amor frustrado. Tudo o que eu sei do amor está na minha imaginação.
Nenhuma delas teve a boa vontade de fazer uma caridade do tipo “Bom, se ele gosta tanto de mim assim, o que custa pelo menos beijá-lo uma vez?”, como eu já fiz algumas vezes. Até eu já fiquei com pessoas de quem não gostava só por ficar. Pelo menos estas garotas não ficaram só na imaginação, provaram meu mel e meu fel.
Eu só fico na imaginação. Tem uma música que me define, nela a letra diz “Sempre que eu quero você, tudo o que eu tenho que fazer é sonhar. O único problema é que eu vou sonhar a vida inteira!”. Dream, dream, dream.
Sei que tenho culpa no cartório. Não sou só vítima. Talvez, não tenho insistido mais ou dado a cara a tapa. Talvez eu desista fácil. Mas por que dar murro em ponta de faca? Então, eu prefiro só fantasiar a possibilidade do amor no mundo dos meus sonhos. Mas quando eu tenho de encarar a realidade, acabo frustrado porque, querendo ou não, todo mundo que sonha quer ver seu sonho realizado algum dia. E há momentos em que a realidade me mostra o quanto sonhei à toa: o choque de realidade sempre vem.
Sofri um choque destes, dias atrás. Fazia quase um ano que eu estava a fim dela. Eu imaginava que ela tivesse pelo menos um pequeno interesse. Aí então, a realidade bateu à minha porta. Foi decepcionante. Foi também triste e, pasmem, aliviador.
Fiquei triste por tudo o que poderia ter sido e não foi; antes de começar era o fim da linha. O alívio também veio porque era o fim da linha: a fantasia acabou, o sonho da possibilidade morreu. É estranho, mas uma sensação liberdade nasceu. O pássaro voou do meu dedo.
Vou tentar a partir de agora não dar mais rostos para meus sonhos. O sonho do amor existe, mas é importante eu saber que pode ser com qualquer pessoa. É preciso também saber diferenciar o amor romântico do amor maduro, aquele que apesar dos pesares, ainda se ama porque sabemos que ninguém é perfeito. Nele a amizade, a cumplicidade, companheirismo falam mais alto quando todo aquele êxtase vai embora. Todos querem este amor. Eu estou longe de encontrá-lo. Enquanto isso, sigo de mãos dadas com o amor frustrado.
Eduardo Franciskolwisk