Quando tudo parecia estar perdido, ele estava lá para achar. Quando todos iam para a esquerda, ele se direcionava para a direita. Quando o mundo não via o principal, ele o enxergava. Ele era um detetive. O melhor de todos!
Ontem, às 5 horas da tarde, chegou em seu gabinete superultra-secreto que, segundo os jornais e os painéis eletrônicos, ficava na Rua Misteriosa, nº 15, um homem gordo, vestindo terno preto com um chapéu branco.
– Eu poderia falar com o Detetive, senhorita Bárbara? – perguntou o gordão para a secretária do Detetive.
– Claro, seu Bartolomeu! Sua visita era esperada e ele já está pronto para recebê-lo. Acompanhe-me!
E o homem de preto a acompanhou.
– É nesta sala, o senhor pode entrar!
– Obrigado, Bárbara.
Depois de agradecer e antes de entrar, o homem pensou um pouco e perguntou para a linda senhorita:
– Bárbara, você gostaria de fazer algo hoje a noite?
– Gostaria sim, mas não com você! Desculpe a sinceridade, mas não com você!
O homem disse que tinha entendido, porém, entrou cabisbaixo. Logo, foi recebido de maneira calorosa pelo detetive que, apontando um revólver para sua cabeça, gritou:
– Não se mova, sua bola de carne ambulante! Isso daqui é um revólver e se eu apertar este botão você estará morto.
– Não me encha o saco, Detetive! Temos um caso especial que precisa ser resolvido até amanhã.
– Ora, ora, Bartolomeu! Adoro mistérios. Vamos, conte-me logo o que terei de fazer.
– Há um homem que rouba o coração da minha amada sua secretária Bárbara. Quero que a cabeça dele role igual...
– Igual você rolou aquele dia que caiu numa ladeira? – interrompeu o Detetive rindo.
– Não! – continuou o gordo. Igual a uma bola de boliche em direção aos pinos para derrubá-los!
– Bem, neste caso o preço será caro.
– O preço não importa. Descubra quem é ele e mate-o!
– Tudo bem, começarei a trabalhar agora mesmo.
O gordo, já indo embora, voltou-se e falou:
– Antes que eu me esqueça: há outro detetive nesse caso. Portanto, o melhor fará o trabalho e receberá o dinheiro.
– Eu sou o melhor, já se esqueceu disto? Sou capaz de tudo para manter o meu posto!
Bartolomeu fechou a porta. E Bárbara foi chamada pelo chefe:
– Me chamou, chefinho lindo?
– Sim, precisamos conversar!
– O senhor vai me mandar embora? – perguntou a moça desesperada.
– Não, quero saber se posso ir jantar na sua casa hoje!
– Hoje...? Hum... tudo bem! Você vai conhecer o meu gatinho.
Depois de tudo combinado, e já na ausência da senhorita Bárbara, o Detetive pensou:
– O namorado dela vai estar lá! Vai ser muito mais fácil do que eu tinha imaginado!
O tempo passou e já estava na hora do patrão chegar em sua casa. Ela estava linda. Tinha de estar assim porque o ladrão do seu coração estaria em sua casa naquela noite.
A campainha tocou!
– É o meu patrão, Arnaldo! Como estou nervosa.
A moça abriu a porta e sorriu. Cumprimentaram-se formalmente com um aperto de mão.
– Vamos entrando, Detetive. Quero que você conheça alguém muito especial!
Os dois foram para sala de jantar onde Arnaldo já os esperavam.
– Detetive, este é o Arnaldo. Arnaldo, este é o Detetive, o meu patrão.
A cena foi muito embaraçosa. Após serem apresentados, um olhava para o outro, mas nenhum sabia o que fazer e nem o que dizer. Bárbara, então, disse:
– Vamos rapazes, apertem as mãos!
– Miau! – exclamou Arnaldo.
– Como vou apertar a mão de um gato, Bárbara? Pelo menos deveria ter dito para que eu lhe apertasse a pata!
– Desculpe-me, Detetive. Não disse por dois motivos: o primeiro é que Arnaldo é uma pessoa dentro dessa casa e segundo, achei que você descobriria que ele é um gato. Afinal, você é um detetive.
Um pouco frustrado, o Detetive começou a bolar outro plano. Pensou em descobrir o nome do ladrão de coração simplesmente perguntando para ela, através da grande amizade que tinham.
Conversaram bastante e, inclusive, o Detetive ficou sabendo que Arnaldo era um gato bonzinho e fiel. Somente durante o jantar, o plano entrou em ação.
– E os namorados, Bárbara? Você está saindo com alguém?
A senhorita engasgou com o suco que tomava, e depois de recomposta, respondeu:
– Não... Infelizmente não. Mas já que você tocou no assunto, terei de dizer o que sinto por você hoje. Eu sou apaixonada por você desde o dia em que comecei a trabalhar no seu gabinete superultra-secreto.
Agora, quem engasgou foi o Detetive. A moça, muito nervosa, quis saber depressa:
– Então, nós temos chances?
Mais uma vez ele engasgou. Pouco tempo depois, ia dirigir a palavra à moça, mas Arnaldo lhe avançou no rosto.
– Pára, pára, Arnaldinho! – gritou Bárbara.
O gato nem ouvia, só continuava a atacar cada vez mais forte. Mordeu-lhe o pescoço várias vezes, saía muito sangue. Parou quando o detetive caiu no chão e, depois, fugiu pela portinha que existia na porta da cozinha.
Bárbara chamou a ajuda médica para o amado que estava estendido. A ajuda chegou tarde demais e o detetive morreu.
A notícia logo se espalhou e por isso chegou muito rápido nos ouvidos do gorducho Bartolomeu. Ele fez o telefone de Bárbara tocar!
– Alô!
– Bárbara? Aqui é o Bartolomeu. Sinto muito pelo que aconteceu. Gostaria de saber se posso ajudar em alguma coisa.
– Não, muito obrigada! Se eu precisar, te telefono.
– Tudo bem... Agora me diga, onde está o seu gato?
– O Arnaldo?
– Sim, ele mesmo!
– Foi ele quem matou o Detetive! Ele fugiu!
– Eu já sabia, querida Bárbara. Você pode fazer um favor para mim? Já que você não me quer!
– Eu ainda estou bastante chocada pelo ocorrido, mas se for possível farei!
– Obrigado! Se o Arnaldo aparecer por aí, diga-lhe que ele fez um bom trabalho.
Bárbara arregalou os olhos. Tentou gritar alguma coisa, mas só o que ouvia agora era o tu-tu-tu-tu do telefone.
Eduardo Franciskolwisk
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