Esta história poderá algumas vezes parecer impossível ou inventada, mas aconteceu. Eu juro.
Certa noite, Ricardo estava em casa assistindo TV como era de costume. O telefone tocou e ele o atendeu:
– Alô!
– É da casa do Ricardo?
– Sim, é ele quem está falando.
– Oi, Ricardo. Tudo bem com você? Aqui é a mãe do Lucas.
– Oi, como a senhora está?
– Estou muito bem.
– Ótimo! Em que posso ajudar a senhora?
– Sabe o que é? É que eu preciso levar uma camisa para a lavanderia ainda hoje. Meu filho, porém, ainda não chegou da faculdade. Será que você poderia levá-la até lá para mim?
– Claro que posso! Onde é essa lavanderia?
– É muito longe... Você terá de ir de carro.
– Então, a senhora vai ter de me desculpar, não posso ir porque eu não sei dirigir!
– Você sabe porque eu já vi.
– Mas eu dirijo muito pouco!
– Não tem problema. Eu te empresto o meu carro, desce aqui para casa, afinal de contas somos vizinhos.
E a mulher desligou o telefone.
Ricardo trocou de roupa e tremendo de medo foi até a casa com a intenção de explicar tudo direitinho, inclusive a parte que ele não era bom no volante.
Ao chegar a mulher já o esperava na calçada com o carro já estacionado na frente da casa. Ele não disse nada, a mulher disse tudo:
– Ricardo, aqui estão as chaves do carro. Leve esta camisa para a lavanderia mais longe da cidade e depois me traga o carro aqui de volta, estacionado onde está.
E dizendo isso, entrou em casa fechando o portão no nariz de Ricardo.
– E agora? O que eu faço? – pensou ele. – Bem, vejo que não tem outro jeito senão tentar!
E ligou o carro. Fez tudo o que tinha aprendido a fazer para que um carro se mexesse. Tudo estava dando certo e depois do quinto quarteirão ele já se achava o motorista do século.
Foi até a lavanderia, entregou a camisa e voltou como veio, se achando o tal do volante! Mas ele não esperava que justamente na hora de estacionar o carro iria acontecer o que aconteceu. A mãe do amigo já o esperava no portão e vendo-o chegar pôde ver de camarote quando o carro subiu na calçada e raspou a traseira no muro de sua casa.
– Ai, meu Deus! O meu carro! O que você fez com o meu carro?
Ricardo ficou desesperado e sem pensar pisou no acelerador. Ele ia procurar um lugar fácil para poder estacionar e só percebeu que estava na calçada quando passou apertadinho entre uma árvore enorme e o muro de uma outra casa. E por isso se deslocou para a rua.
Virou na primeira esquina que viu, porém não conseguiu ver muitas vagas para estacionar. Somente em uma ele conseguiria. E assim o fez.
Ainda com o desespero no sangue, desceu rapidamente do carro e foi correndo em direção à sua casa para que, assim, pudesse pensar no que teria de fazer. E pensou, e pensou e lembrou:
– As chaves do carro! Eu as deixei dentro do carro... No meu desespero as esqueci.
Saiu de casa e foi até o lugar onde havia estacionado o carro para buscar as chaves. Chegando lá teve uma grande surpresa.
– Cadê o carro? – gritou.
O desespero se multiplicou por dez! Sua sorte ou o seu azar é que naquele instante passavam três policiais em seus veículos, dois estavam de moto e um outro estava de bicicleta. Ricardo ajoelhou-se e pediu:
– Policiais me ajudem, pelo amor de Deus!
E só o policial da bicicleta parou.
– Qual é o seu problema?
– Roubaram o carro que eu tinha estacionado aqui. O carro não é meu, é da mãe de um amigo meu, o que eu vou fazer se eu disser para ela que além de riscar o carro, por minha causa, ele foi roubado?
– Não se aflija! Eu sou o policial mais bem equipado do pedaço. Há quantos dias este carro está desaparecido?
– Dias? Ele sumiu faz poucos minutos! Por isso eu gostaria que você pedisse para que todos os policiais o procurassem agora. Assim fica mais fácil de achar o ladrão com o carro inteiro.
– Desculpe, senhor desespero, mas só podemos considerar um carro como roubado depois de 48 horas de sumido.
– Mas policial...
Nesse momento chegaram a mãe de Lucas e sua irmã.
– Onde está o meu carro? – perguntou a mãe para Ricardo.
– Ele está sumido, minha senhora! – respondeu o policial.
– Roubaram meu carro?
– Não, minha senhora, no momento ele só está desaparecido. Só é considerado roubo depois de 48 horas de sumiço.
E agora, já jogando um olhar bem quente para as duas mulheres, tirou duas cestas de café da manhã do compartimento de bagagem que existia em sua bicicleta e as entregou, uma para cada uma.
– É para vocês... O meu telefone está aí no cartão...
– Ei, faça o seu trabalho e encontre a pessoa que roubou o carro. – reclamou Ricardo.
Durante a confusão, um carro passou e entrou na garagem, exatamente onde Ricardo tinha estacionado o carro da mãe de Lucas. Ricardo resolveu ir até lá e perguntar se a pessoa sabia de alguma coisa que pudesse ajudar a achar o carro.
– Boa noite! Eu estacionei um carro aqui há pouco tempo e esqueci as chaves dentro dele, quando eu voltei para pegá-las o carro inteiro tinha sumido. Você viu ou sabe de alguma coisa que pode ajudar a polícia nas investigações?
– Sim, eu sei – disse a mulher. – Eu precisei sair com urgência e seu carro estava justamente em frente à minha garagem. Como eu vi que o carro estava aberto e as chaves dentro dele, o coloquei dentro de casa... Aqui está ele!
E lá estava o carro que tinha dado tantos problemas para Ricardo naquela noite.
– E como fica o enorme estrago do meu carro? – perguntou a dona do carro.
– Vai ficar como está!
E Ricardo apontou para o pequeno risco que tinha na pintura da parte traseira.
Eduardo Franciskolwisk
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