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domingo, 14 de abril de 2013

Jovem Ainda

Como todos os seres humanos existentes no mundo, eu vivo. Porém, não sou muito igual a eles, penso até que sou muito diferente: sou um adolescente! Tenho inúmeros problemas em minha vida que me fazem crescer interior e intelectualmente; problemas que nasceram para tentar me prejudicar são, quase sempre, transformados em fontes de aprendizados por mim. Mas infelizmente isso não ocorre em todas as situações problemáticas.

Não tenham dúvidas de que a infância é a melhor parte da vida mas a adolescência é a fase onde, como eu já disse antes, mais se aprende. As energias do corpo atingem o grau máximo no marcador e as experiências são as principais armas para conhecer e aprender a escolher aquilo que se deseja, seja através das vitórias ou das decepções.

Às vezes, por causa das decepções, chego a pensar que vivo os piores anos que uma vida pode ter. Logo me arrependo!

Aconteceu comigo! Casei-me muito jovem porque na época a sociedade era extremamente rígida. Casei-me após um mês, exato, de saber que minha pequena namorada tinha engravidado. Pensei: “Sou muito jovem, papai com certeza me ajudará nas despesas...”. Eu estava enganado. Apesar de meu pai ser rico fui obrigado a trabalhar para que não passassem fome minha mulher e o primeiro de meus filhos. Onde eu morava? Ganhamos uma casinha simples do pai de minha esposa, segundo o que ela diz a casa teria sido comprada com a economia de anos de trabalho, tanto da parte de meu sogro como da parte da minha sogra que fazia costuras para fora. Com o tempo pude perceber que nossa casinha simples era algumas vezes mais confortável do que a deles.

Eu evitava encontrar meu pai, ele me negou ajuda em um dos momentos em que mais precisei! Nem sequer tinha vontade de falar com ele. Papai só conheceu meu primeiro filho, chamado Júlio, porque minha esposa, com pena, o levou às escondidas até sua casa. Acho que se encantou com o menino: uma semana depois, mais ou menos, ele apareceu em minha casa com a intenção de me ajudar financeiramente. Recusei, pois agora, apesar de bem jovem, eu tinha um bom emprego com um razoável salário. Ele deixou um envelope, que todos os meses voltava com uma boa quantia, em cima da mesa ao sair pela porta da frente.

Com minha mãe eu nunca deixei de conversar. Ela sempre me colocava pra dormir até eu completar cinco anos. Dias depois do meu aniversário ela morreu por motivos que nem os médicos conseguiram entender. E foi por causa disso que o padre da igreja me ensinou que apesar dela não estar mais comigo ela sempre me escutaria quando quisesse falar algo para ela. Faço isso até os dias de hoje!

Meu segundo filho foi uma menina e nasceu quando eu recebi uma carta do governo brasileiro onde dizia que precisavam de mim na guerra. Por isso minha mulher quis chamá-la de Esperança! Eu aceitei a idéia mesmo sem muitas esperanças.

A Europa era um lugar o qual sempre quis conhecer, mas, sinceramente, não esperava que fosse numa ocasião tão inadequada. Tive que destruir pessoas e lugares que admirava a longa distância. Não sei quantas pessoas matei e, para dizer a verdade, nem sei se matei alguém, eu só sabia que se eu não tentasse matar eles acabariam me matando. Então, eu atirava como um maluco, sem nenhuma estratégia e sem mirar em ninguém. Eu, simplesmente, apertava o gatilho.

Foi assim até conseguir voltar para casa. O mais engraçado de tudo é que, até hoje, não sei se nós ganhamos ou perdemos a guerra. E sabe de uma coisa? Eu não quero saber!

Alguns anos depois tive ao mesmo tempo mais dois filhos, ninguém sabia que seriam gêmeos porque a tecnologia não era tão avançada como hoje e por isso só descobrimos no dia do nascimento. Vivemos felizes durante cinco anos e meio. Eu tinha feito as pazes com meu pai e tinha sido promovido no meu serviço. Mas nem tudo na vida é um mar de rosas! Um dia, quando voltei para casa cansado por ter trabalhado o dia inteiro, soube do que acabara de acontecer: um dos gêmeos ao brincar com os amiguinhos e seus outros irmãos, perto da linha de trem, tinha sido atropelado. Eu o vi. Estava completamente irreconhecível, então, quis enganar a mim mesmo de que aquele não era o meu filho, que meu filho estava passeando por aí, pela cidade e que um dia ele abriria a porta e gritaria “Estou com fome!” como sempre fazia ao chegar em casa. Infelizmente isso nunca aconteceu.

Não tenho para contar somente histórias tristes e trágicas, tenho também algumas com o final feliz. Uma delas é que sempre íamos ao bosque da cidade onde morávamos e lá quase sempre encontrávamos outras famílias que também estavam ali, no dia de domingo, para se divertirem. As crianças brincavam de esconde-esconde ou pega-pega enquanto seus pais conversavam sobre variados assuntos, coisas de gente grande. Voltávamos para casa rindo das coisas engraçadas que aconteciam durante o passeio no bosque. Isso era esplêndido.

Houve uma noite que sentado no alpendre ouvi o som da banda se aproximando e me surpreendi quando ela toda parou em frente de casa e começou a tocar “Parabéns pra você”. Era meu aniversário. Meus amigos, alguns que faziam parte da banda, e minha família haviam feito aquela surpresa pra mim, só pra mim e para mais ninguém! Tivemos comida e bebida a vontade pelo resto da noite e a banda só parou suas músicas quando o sol começou a nascer.

Você, meu leitor, deve estar se perguntando “Como pode um adolescente viver em anos o que pessoas normais levam a vida inteira para viver?”. E eu, com muito prazer, respondo: tenho 78 anos e ainda sinto correr por minhas veias o sangue da minha juventude.

Eduardo Franciskolwisk

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