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domingo, 14 de abril de 2013

O sentido da vida

Era uma vez um homem muito rico. Desde muito pequeno sempre teve tudo o que se podia imaginar. Porém, a vida não foi generosa ao lhe dar tudo e algo a mais. Desde muito pequeno sofria sérios problemas de saúde e a morte era certa. Incerteza, portanto, se tinha de quando ela viria e levaria o homem sem piedade.

Muitos dias se passaram, muitos meses se passaram, muitos anos se passaram e nada, nada da morte bater em sua porta. Encontrava-se um homem de mais ou menos 30 anos quando perguntou a um de seus empregados:

– Tenho já meus quase 30 anos. Não tenho nenhum amigo, não tenho mulher e nem filhos, só o que tenho é minha inestimável fortuna. Qual o sentido da vida?

– Se me permite, senhor, penso que você mesmo tem que descobrir o sentido da vida! – respondeu o empregado.

– Já estou cansado de esperar a morte chegar. Vou tentar esquecê-la e começar a viver a minha vida!

– É assim que se fala, senhor!

E assim foi feito.

Aquele homem que só conversava com seus empregados começou a freqüentar lugares como cinema, bares, restaurantes, boates e muitos outros lugares mesmo sabendo que estava prejudicando ainda mais a sua frágil saúde.

Num desses lugares, onde sempre ia acompanhado de seu empregado, por obra do destino encontrou a única garota da escola que conversava com ele nos tempos de colégio. Ela tinha a mesma idade dele. O homem nunca se esqueceu da garota porque ela todos os dias falava um simples “oi!” para ele. Unicamente um “oi!”. Significava muito para ele, ninguém nunca conversava com ele, tinham medo de sua doença que apesar de fatal nunca foi contagiosa.

Não demorou muito para ela lembrar-se dele. Solteira, sem namorado, bonita. Casaram-se dois anos depois e muitos dos amigos que ele conseguiu foram no casamento. Seu melhor amigo, o empregado, foi padrinho e a festa, grande e bonita, foi fotografada e filmada durante todo o tempo que durou.

Passaram-se 12 anos, tiveram 3 filhos. O mais velho estava com 12 anos, o outro com 11 e a menina, linda e engraçadinha, 10 anos. Viviam na extrema felicidade.

Numa manhã, tão normal quanto todas as outras, ao entrar no carro para ir cuidar dos negócios sentiu um grande mal estar, uma enorme dor o fez cair desmaiado no chão da garagem. Foi levado às pressas para o hospital, mas ele sabia que já tinha chegado a hora.

Os médicos fizeram de tudo a favor do paciente. Apesar dele estar consciente não puderam evitar o grande número de tubos e máquinas que trabalhavam.

Muitos amigos foram até o hospital, mas só o empregado, a mulher e os filhos puderam entrar no quarto.

– Sabe porque eu não me casei e nem tive amigos bem antes de tê-los, meu grande amigo? – perguntou o homem ao empregado.

– Não, não sei. Porque? – quis saber o empregado

– Porque eu não queria que eles sofressem com a minha morte. Não queria ver as pessoas de quem eu gosto tristes por minha causa.

E com lágrimas nos olhos o empregado disse:

– É justamente esse o sentido da vida: fazer com que as pessoas chorem no momento da sua morte.

O homem disse suas últimas palavras para a mulher e os filhos e depois trancou os olhos com uma chave e a perdeu para todo o sempre.

Eduardo Franciskolwisk

Um comentário:

  1. E... amém!
    Ótima escrita. Mas não creio que esse seja o sentido da vida. Caso contrario seria muito triste.

    Sempre que der estarei aqui comentando suas escritas. Visite meu blog, Histórias e contos de minha autoria, e algumas escritas com algum fundo literário. http://tripmiller.blogspot.com.br/

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