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domingo, 28 de abril de 2013

Os Prêmios de Ôpis

Todos os anos era publicada um lista com os nomes de pessoas campeãs em várias modalidades criadas pelo pessoal ali mesmo daquela pequena cidade. Nunca nenhum habitante imaginou que algum dia a minúscula cidade de Ôpis pudesse receber a visita do canal de TV mais famoso daquele país. E isso foi o que aconteceu! A televisão estava lá para acompanhar de perto a escolha dos nomes campeões nas tais modalidades que só aquela cidadezinha tinha.

– Estamos aqui, diretamente da cidadezinha de Ôpis onde logo mais serão apresentados ao público os vencedores das cinco modalidades que só essa pequena cidade tem.

Tentando explicar um pouco mais sobre as modalidades para seu público, o repórter continuou:

– E para quem não conhece essas modalidades são elas: Prêmio Pessoa Chata Revelação; Prêmio Quem Você Mandaria Para o Espaço?; Prêmio Você É Feio Pra Burro!; Prêmio Arrogância, Burrice e Mala-sem-alça; e, por fim, o único prêmio que concederá um bom título a quem o receber... É completamente o oposto do último: Prêmio Modéstia, Inteligência e Mala-com-alça-e-com-rodinhas! Todos nós estamos muito ansiosos para conhecer os vitoriosos desta noite. Porém, a cerimônia começará daqui a uma hora, ou seja, às sete horas da noite. Por isso, voltamos ao ar dentro de alguns minutos já transmitindo essa grande festa dessa pequena cidade.

O repórter saiu do ar e deu lugar a algumas propagandas. Uma delas, sobre cenoura, tinha como personagens um coelho e um gato onde um tentava convencer o outro de que ele também era um coelho e por isso tinha que comer cenoura. Mais detalhadamente a propaganda era assim:

Começava com uma linda e cenourosa música que tocava alegremente, ao som da qual aparecia o coelho dançando feliz por ter achado a cenoura da sua vida. Ele, então, senta-se no banco da pracinha e, mexendo o nariz como fazem os coelhos, se prepara para comer a sua deliciosa comida. De repente, a música perde a alegria e um gato triste, magro e desempregado aparece:

– Miau! Eu sou um gato, miau!

Sem nenhuma perda de tempo, o coelho lança um olhar sedutor para o gato dizendo:

– Vai uma cenourinha aí, senhor gato? – e mexeu de novo o nariz.

– Eu sou um feinho... quero dizer, um felino, e felinos não comem cenouras, miau. – respondeu o bichano.

– Se você comer a minha cenourinha, você vai dar pulos bem altos e ficar forte como um elefante.

– Miau, mas eu não quero porque eu já sou um bom pulador e não preciso ser forte porque eu tenho sete vidas e só isso me basta, miau! Afinal, miau, eu sou um gato!

O coelho, vendo que o gato não ia aceitar a cenoura por ser um gato, tentou enganá-lo:

– Um gato? – e mexeu o nariz como fazem os coelhos – Quem te disse tamanha mentira? Gatos não têm orelhas grandes como as suas e tampouco mexem o nariz com eu faço. E você amigo, não é um gato, você é um coelho. Igualzinho a mim! Bonitão como eu!

– Sério mesmo que eu sou um coelho?

– Sim.

– E eu achando que eu fosse um gato...

– Bobeira sua! – respondeu o coelho! – Já que você é um coelho agora pode comer cenoura, não é verdade?

– É, me dá ela aqui! Eu vou comendo no caminho, acabo de ter uma idéia maravilhosa!

Então, o coelho deu a cenoura para o gato, que agora se achava um coelho, e se dirigiu para o mesmo banco em que estava sentado antes do gato chegar. Pensou em como seria recompensado por ter convencido um gato a virar coelho só para comprar o produto para o qual ele trabalhava!

O gato-coelho por estar desempregado se dirigiu ao CEPCQQTCCPDP (Centro de Empregos Para Coelhos Que Querem Trabalhar Como Coelhos da Páscoa Durante a Páscoa). Afinal de contas, ele era um coelho e queria trabalhar! Todavia não foi bem recebido no local e depois de apanhar muitos dos outros coelhos voltou para casa triste, magro, desempregado e todo arrebentado num dia que sempre seria lembrado.

Depois disso, o coelho de verdade, ainda sentado no banco, vira-se para a câmara e diz:

– Cenouras Minha, Nossa Cenoura , o primeiro contato é inesquecível!

E o gato aparece de novo, lembrando dos fatos acontecidos:

– Minha Nossa Senhora! – disse o gato.

– Eu não disse que o primeiro contato é inesquecível? – sorriu o coelho!

Assim, a música alegre e contagiante do começo do comercial tocou de novo e também de novo o coelho dançou feliz! Segundos depois apareceu um tamanduá com quem o coelho puxou conversa e ofereceu uma cenoura.

Foi assim que terminou o comercial! Como o comercial era grande, a uma hora já tinha se passado e o repórter entrou com tudo para cobrir a grande festa:

– Minha Nossa Cenoura! Que propaganda chata! Ops, quero dizer... o que eu estou dizendo? Esqueçam! Bem, a cerimônia começa agora!

Uma moça gorda e feia subiu ao palco e aos berros e com sua voz irritante falou:

– Sou eu quem vai apresentar os nomes vencedores de todos os prêmios desta noite. Pois então, vamos começar com o Prêmio Pessoa Chata Revelação.

Após uma longa pausa, ela continuou:

– E o Prêmio vai para.... Coma Minha Nossa Cenoura! Ele é autor da propaganda que acabamos de ver pela televisão e dono da empresa que mais vende cenouras por aqui!

O homem se levantou da platéia e foi receber seu prêmio. Minutos depois, o repórter foi até o senhor Coma para entrevistá-lo:

– Coma, como é receber o Prêmio de Pessoa Chata Revelação?

– É maravilhoso... Eu me esforcei muito para chegar até aqui e graças ao meu último comercial agorinha há pouco na TV eu ganhei este lindo prêmio!

– Porque o senhor dá toda glória ao seu último comercial de TV?

– Porque eu fiquei sabendo que o Prêmio Pessoa Chata Revelação iria ser dado a você, meu caro amigo repórter... Já que você é chato e é novo por aqui... Então, eu pensei: “Meu Deus, esse chato não pode ganhar de mim, eu tenho de ser mais chato que ele.” E por isso eu tentei e consegui ser mais chato que você e levei esse prêmio para casa.

Meio sem graça o repórter o agradeceu pela entrevista e fez sinal para que a gorda feia continuasse com a premiação. Todos olharam para ela quando ela abriu aquela boca fedorenta e com uma voz ensurdecedora:

– Gente, agora vamos entregar o Prêmio Quem Você Mandaria Para o Espaço? Estou abrindo o envelope... E o prêmio vai para... vai para... Meu Deus, que felicidade! Este prêmio vai para mim! Quanta emoção, pessoal... Obrigada!

O homem da TV já estava ao lado dela para entrevistá-la:

– Moça, qual a emoção de ganhar o Prêmio Quem Você Mandaria Para o Espaço?

– A emoção é...

E a moça foi interrompida pelo repórter que lhe fez um pedido:

– Você pode falar virada com a boca pra lá? É que o seu bafo está muito forte!

– Tudo bem... A emoção de ganhar esse prêmio é muito boa... Sabe? É uma coisa muito, assim, boa! Entende?

– Ah... tá...! Sabe que temos outra surpresa para você? - perguntou o repórter!

– Verdade? – perguntou aquela voz irritante – Qual é?

– Como você é a vencedora do Prêmio Quem Você Mandaria Para o Espaço? nós, da TV, decidimos te presentear com uma passagem de ida, somente de ida, no primeiro foguete que for para o céu. E vá agora porque senão você perde o foguete... pode deixar que eu tomo conta da cerimônia.

A moça gorda, feia, com um bafo de matar qualquer um e com uma voz irritante arrumou suas coisas e disse “Tchau” e os outros responderam “Tchau, não tenha pressa em voltar, aliás, seria um grande favor se você nem voltasse”.

E assim o repórter passou a apresentar as entregas.

– Agora, vamos ao Prêmio Você É Feio Pra Burro!

Após abrir o envelope ele não ficou nadinha feliz

– Que saco, essa droga de prêmio vai para mim mesmo! Querem saber qual é a emoção de receber esse prêmio? Desgosto, porque eu sou um rapaz bonito, a minha mãe sempre disse que eu era bonito... e o meu cachorrinho também já disse isso! Bem, na verdade ele não disse nada, ele ficou quieto quando eu perguntei... mas eu considerei isso como um sim! Poxa!

A platéia queria que o espetáculo continuasse e gritou para que ele continuasse a entregar o próximo prêmio. Ainda indignado com o que tinha recebido, tentou estragar a festa.

– É assim? É assim? Olha o que eu vou fazer com essa festa de vocês! – e riu malignamente – Vou abrir esses dois envelopes de uma só vez! – e riu novamente.

A platéia se desesperou! Ele já tinha aberto os dois envelopes e naquele momento iria dizer o nome dos vencedores. Depois de rir de novo começou a falar:

– Os prêmios: Prêmio Arrogância, Burrice e Mala-sem-alça e Prêmio Modéstia, Inteligência e Mala-com-alça-e-com-rodinhas vão para... vão para... ué... estes dois prêmios tão diferentes vão para a mesma pessoa? Ambos os prêmios vão para o coelho daquele comercial chato... Meu Deus!!! Apesar de tudo, vamos entrevistá-lo. Qual é a emoção de receber esses prêmios?

O coelho respondeu:

– Apesar de serem dois prêmios a emoção é única. Eu sei que mereço esses prêmios, pois sou quem eu sou. A minha atuação maravilhosa no comercial para as Cenouras Minha, Nossa Cenoura como coelho e como gato foi digna de receber esses dois prêmios. Eu sei que eu mereço porque eu agrado ao mundo inteiro.

O repórter, com muita inveja, falou ao coelho:

– Não se pode agradar a gregos e a troianos!

E o coelho respondeu:

– Meu filho, quem disse que não se pode agradar a gregos e a troianos? Isso é conversa de fracassados!

E assim terminou a grande premiação da pequena cidade de Ôpis.

– Ops... - disse o repórter ao escutar a resposta do coelho.

Eduardo Franciskolwisk

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