Neste
ano, prometi para mim mesmo que postaria pelo menos 1 texto por mês. No ano que
vem, eu não sei se vou continuar a tentar dar tanta atenção a este blog. Como
todos sabem, a época dos blogs já se foi. Hoje, tem mais atenção quem se expressa
usando o Youtube. Não acho que os blogs irão morrer, mas acho que vão ficar de
escanteio assim como o rádio ficou com a chegada da televisão.
Hoje
vou falar do meu estado de ânimo dos últimos meses. Não é nada legal. Talvez eu
esteja com distimia (olha eu me auto diagnosticando de novo). É um tipo de
depressão crônica. Procurem no Google para saber mais sobre o assunto.
Não
tenho mais vontade real de fazer nada. As coisas que antes me davam prazer não
dão mais.
Talvez
eu seja um azarado em relação à vida. No meu caso, as coisas ruins acontecem
mais do que coisas boas. Agravante: as pessoas fazem estas coisas ruins
acontecerem. Pode ser uma falta de educação (ar de superioridade) com uma
faxineira ou um escândalo por esquecer um objeto sem muito valor na praia. Estou
reclamando de todas as coisas ruins que alguém escolheu que acontecesse. Não
estou falando de uma doença fatal descoberta de um dia para o outro, nem de uma
enchente que destruiu sua casa e seus móveis. Disso não temos nenhum controle.
Mas foram coisinhas minúsculas, detalhes imperceptíveis para os outros que
destruíram a minha vida para sempre porque fulminaram a minha forma de pensar. A
dor maior é isso: fizeram uma escolha. Decidiram me prejudicar, me fazer mal. E
- tcharam - conseguiram.
Não
estou culpando só os outros por eu ter uma vida desgraçada. Culpo a mim também.
Mas quero deixar bem claro: muitas pessoas contribuíram para que a minha cabeça
chegasse onde chegou. Alguns mais, outros menos.
Antes
eu gostava de escrever. Ainda gosto, mas não é mais uma coisa natural, é uma
coisa que está ficando maçante demais para mim. Nunca fui incentivado de
verdade verdadeira. Uma vez ganhei um prêmio e não pude ir receber porque
"não tínhamos" dinheiro. Hoje, olhando por um lado, poderiam ter
feito um esforço maior e me proporcionado aquilo, mesmo que fosse um prêmio
comprado, como agora, 17 anos depois, eu desconfio que seja.
Nunca
tinha dinheiro para mim, mas para minhas irmãs tinha. Então, eu virei um ser
que consegue viver sem muitos luxos. O que de uma certa forma veio fazer uma
diferença gritante em nossas vidas atuais. Eu acho que nossas vidas não tem
mais nada a ver e quanto mais distante ficarmos, melhor será para todos.
Eu me
lembro do dia que quase larguei o curso de farmácia porque não tínhamos
dinheiro para pagar. Tivemos que pedir, conversar e praticamente implorar por
uma bolsa para mim de 50%. Me senti um pouco humilhado com isto por 2 motivos.
O primeiro é que eu tinha passado em 1º lugar e não me deram bolsa nenhuma. Um
tempo depois, ele davam (e talvez ainda deem) 100% para o primeiro colocado. O
segundo motivo é que na minha vez de fazer faculdade, tive que passar por esta
humilhação de ficar mendigando bolsa para os outros e antes, quando foram minha
irmãs que fizeram faculdade, não teve disso não. Uma fez Odontologia (muito
mais caro que farmácia) na mesma faculdade que eu e a outra estudou Letras numa
faculdade pública em outra cidade. Quer coisas mais cara do que morar em outra
cidade? Praticamente gastava mais do que eu morando em casa, com 50% de bolsa
de estudos, indo de bicicleta para faculdade e almoçando bolacha que custava 1
real o pacote.
Eu me
lembro de um passado recente de ir em aniversários de pessoas da família e na
hora de ir embora, eu ficava meio atordoado, porque minha mãe tinha ido embora
sem dizer nada e me deixado para trás. Isto é uma coisa que alguém normal faça?
E vocês acham que isto não afetou minha auto-estima de alguma forma?
Me
lembro também do dia que minha mãe destruiu meu quarto. Arrebentou, jogou tudo
para o chão, quebrou a melhor luminária que alguém poderia ter. Eu tinha uns 17
anos e este episódio foi muito importante pois quase fez com eu terminasse tudo
ali. Quase que eu não tive continuação.
Depois
de adulto fiquei sabendo de uns lances de relacionamentos que perdi porque não
me ajudaram ou me deram uns toques.
Tudo
comigo foi meio jogado. Sempre tive que me virar sozinho. As pessoas olham para
mim como se eu fosse uma pessoa mimada e que sempre teve tudo nas mãos, mas a
realidade é completamente oposta. Na minha vez, tudo era de qualquer jeito,
como desse para ser era; se não desse, paciência. Se por um lado me fez uma
pessoa independente, que sabe se virar sozinho, por outro me mostrou que eu não
preciso das pessoas. Por que eu viveria com alguém que só vai me encher o saco
e arrumar problemas se eu consigo fazer tudo sozinho do meu jeito e sem dor de
cabeça? Claro, depois que a gente cresce percebe que as coisas não são tão
assim preto no branco.
Tem
uma outra coisa que sempre me intrigou bastante: minha mãe sempre disse que meu
pai era bunda mole. Ela falava isto para na cara dele mesmo. Que ele não
conseguia fazer nada sozinho, que era um imprestável, que sempre pedia ajuda.
Pois bem, ela me comparava (e compara) a ele muitas vezes na minha vida. Tanto
é que eu odeio comparações, principalmente se for me comparar com ele. Um
exemplo: tenho que levar este sofá para dentro da casa. Sei que não consigo e
peço ajuda. Então, ouço da minha mãe que pareço meu pai por pedir ajuda por uma
coisa que um homem teria que fazer sozinho. Moral da história: não pedia ajuda.
Se tivesse que pegar um elefante e colocar ele em cima do armário, eu ia que
fazer isto sozinho, mesmo sendo humanamente impossível e o elefante não
cabendo em cima do armário. É uma mistura de humilhação com frustração, não
sei explicar. Eu era obediente e acreditava nas mentiras que me contavam. Sei
lá, acho foi a minha imaturidade de
criança junto com a crença de que pais sempre querem nosso bem, que nunca mentem,
que me fazia tentar alcançar o impossível.
continua...
Eduardo
Franciskolwisk