Depois
da postagem “Caindo no Buraco”, venho oficialmente informar que caí mesmo
dentro dele. Sorte minha que desta vez não caí tão fundo. Mas não foi um buraco
qualquer, foi um buraco de respeito.
Depois
daquela postagem as coisas pioraram, como era de se esperar. Não sei se era a
época do ano, Natal e Ano Novo – família e um novo ciclo chegando – ou se foi a
pandemia que nos tirou a rotina e nos colocou para esperar ansiosamente
pacientemente por um futuro melhor (que nada mais é do que a normalidade que já
tínhamos antes).
Uma
coisa que eu venho pensando bastante é: a ansiedade e a depressão não me
paralisam. Ouço dizer de pessoas que não conseguem trabalhar ou fazer suas
obrigações diárias e até higiene pessoal. Pensando nisto, tentei entender
porque isto não acontece comigo. A resposta que me veio à mente é que como eu
tive depressão desde sempre (acho que desde criança) eu me acostumei a conviver
com ela. Eu não tinha opção: ou fazia as coisas essenciais ou não ia ser
ninguém.
Por
outro lado, analisando bem, a depressão e a ansiedade (culpo mais a ansiedade)
me paralisaram em algumas outras partes essenciais da vida, por exemplo, o lado
afetivo, de relacionamentos. Como eu julgava isto não tão importante, ele foi
ficando de lado. Então, fiquei sem reação nesta parte que não é, num primeiro
momento, questão de sobrevivência.
Neste
meio tempo aconteceu uma coisa que me deixou um pouco chateado. Me colocaram no
grupo de Whatsapp da família para combinar as comemorações de Natal – mesmo com
a pandemia, diga-se de passagem. Neste grupo estavam tios, primos, incluindo
esposos, papagaio e etc., ou seja, era aqueles grupos com todo mundo onde
inevitavelmente vai dar confusão.
Eu já
não estava no grupo porque algumas pessoas ficavam me alfinetando, dando
indiretas. Aí me puseram de volta por causa do Natal. Eu até que me animei,
achei que seria uma boa ideia diante da minha crise de ansiedade que estava
passando. No entanto, teve algumas “discordâncias” a respeito do presente da
brincadeira “Amigo da Onça”. Eu queria que não pudesse ser chocolate pois teve
um ano que pôde ser qualquer coisa e todo mundo (a grande maioria, na verdade)
só levou chocolate. Aí, trocar um chocolate por outro chocolate não teve graça
nenhuma.
No início
todos concordaram, mas depois, uma família resolveu que podia sim levar
chocolate e que cada um dava o que quiser. E no meio da conversa, uma pessoa
feminina disse algo assim: “Eu já participei de vários “Amigo da Onça”, mas tem
gente que não entende como funciona. Também só quem tem amigo pode entender
disso.”
Isto
foi uma indireta para mim querendo dizer: “Você não tem amigos”. Isto em
dezembro de 2020. Eu tenho uma postagem de junho de 2009 chamada “Eu não tenho
amigos”. Será que ela acha que me contou alguma coisa que eu não sabia?
Pois
bem, duas coisas me chatearam: a intenção e a indireta. A intenção era me
deixar para baixo: conseguiu. E eu já estava em uma crise existencial. A
indireta foi para mim, óbvio, me chateou sim porque eu estava trocando ideias,
conversando, na boa. Foi covarde. Odeio indiretas. A indireta é a arma do
covarde. Ele solta a frase com a intenção de ferir e quando atinge seu objetivo
e não aguenta suas consequências, tem a possibilidade de argumentar que a
indireta foi entendida de forma errada.
Então,
eu saí do grupo e a minha intenção é nunca, nunca mais participar de Natal
nenhum com esta família. Depois eu fiquei sabendo que este pessoal induziu uma
tia a ter uma crise suicida. Pois é, este é o nível da maioria dos seres
humanos.
Do
dia 1º de janeiro de 2021 até o dia 15, eu passei praticamente chorando o dia
todo. Ou seja, eu caí no buraco. Depois, fui melhorando com uma pequena recaída
agora no início de fevereiro. Mas já estou bem melhor. Espero que não aconteça
mais nada que me puxe de volta para o buraco. Uma coisa importante é que eu sei
que não saí dele, ainda estou saindo.
Eduardo
Franciskolwisk