Nos
últimos anos, adquiri um medo surreal da chuva. Agora, toda vez que eu ouço
alguém comentando que vai chover, fico apreensivo, tenso; no fundo, no fundo
sei que é o início de uma crise de pânico que depois se transforma em depressão.
Na
minha cabeça, acho que isso começou lá em 2019 quando minha mãe resolveu trocar
o telhado sem nenhum planejamento real e pediu ajuda do meu tio, irmão dela. Eu
não gostei nadinha porque este tio já tinha passado ela para trás em outra
ocasião. Ela trocou uma casa que hoje vale 1,5 milhão por um carro que hoje
vale 10 mil. Então, achei meio burrice da parte dela pedir ajuda para o lobo.
Acabou que não mexeu no telhado.
O
telhado é meio ruim porque é velho, mas principalmente porque foi deixado que
qualquer um mexesse nele: o cara da TV a cabo, o cara da internet, o cara da
cerca de proteção, etc. Gente que não está nem aí se vai colocar o telhado
corretamente no lugar ou não. Gente que não tem nem competência para tal
tarefa. Deu no que deu.
A
casa é velha e tem goteiras. No ano passado e começo deste ano, durante chuvas
fortes, pingou em vários cômodos. Fiquei desesperado dentro de mim. Eu subi no
telhado mesmo com medo e coloquei manta asfáltica em alguns lugares.
Se
chamamos alguém para arrumar, a pessoa não vem. Se vem faz mal feito.
Eu
não sei lidar com alguns problemas, principalmente quando envolve pessoas. Eu
sempre estou errado em tudo que faço. Sempre arrumam problema e jogam para mim,
como se eu fosse o responsável por tudo. Isto acontece desde criança e em todos
os lugares pelos quais passei, incluindo trabalho. Isso me causa pânico, me
causa terror desde sempre. Talvez, enfrentar um atentado terrorista seria mais
fácil.
Outro
dia, alguém comentou comigo que vai chover na semana que vem. Desde então, já
estou em estado de alerta e com o coração disparando em alguns momentos.
Na minha
cabeça, o telhado vai desabar e a culpa é minha. Eu não tenho forças para fazer
nada.
Eduardo
Franciskolwisk