Tem dias que eu
acordo odiando tudo e todos. Hoje é um desses dias.
Seria melhor eu não
ter visto ninguém.
Hoje, eu odeio todas
as pessoas e sinto desprezo por elas. São falsas, folgadas, aproveitadoras, más
e egoístas. Eu consigo ver em cada uma a má intenção através de um sorriso ou
de um estranho “Bom dia” que me faz pensar que “alguém caiu da cama e bateu a
cabeça”. Essa gente só joga se tiver alguma coisa a ganhar.
Hoje, eu odeio a
minha vida e odeio quem sou. Odeio as escolhas que fiz e odeio um futuro que
poderia ser e não foi. Odeio todas as pessoas que cruzaram o meu caminho e
também o mal que me fizeram mesmo pensando em me fazer o bem. Odeio cada ação
que me fez chegar aonde cheguei. Odeio pensar que em outra dimensão “meu eu”
acordou hoje amando tudo e todo mundo.
Odeio ter que acordar
cedo e ir trabalhar. Odeio não ver sentido nenhum nisto, de correr atrás do meu
próprio rabo. Odeio não ver sentido na vida. Odeio gente que se esforça ao
máximo para que percamos a vontade de sorrir.
Odeio tudo a ponto do
meu clima ficar pesadíssimo. Se eu quiser, consigo fechar o tempo de qualquer
lugar em que eu estiver, como a X-men Tempestade.
Eu odeio ter que ficar
consertando a cagada e a folga dos outros. Odeio sentir meu coração disparado
parecendo um ataque cardíaco. Odeio ter que responder perguntas aparentemente
inocentes, mas que por trás querem capturar todo um contexto.
Odeio pessoas mornas.
Nem quente, nem frio. Nem sim, nem não. Odeio gente cuja personalidade é não
ter personalidade.
Odeio o interesse das
pessoas por trás de suas ações. Chego a sentir nojo. Eu odeio a política e a
forma como ela funciona: pedala, pedala, pedala e não sai do lugar. Isto é
intencional. Odeio ter descoberto isto e ter perdido a esperança.
Eu me odeio por
completo. Odeio usar óculos. Odeio ser careca. Odeio minha forma TOCada de
pensar. Odeio não sentir mais a felicidade genuína. Odeio ser maluco. Odeio não
ter coragem. Odeio ter medo do futuro. Odeio ser doente mental. Odeio a vida
como ela é. Odeio ficar despersonalizado. Odeio não sentir emoção.
Odeio ter insônia e
odeio não conseguir dormir direito. Odeio não conseguir mais sonhar.
Odeio viver na
imaginação. Odeio odiar ter um cachorro. Odeio limpar a casa. Odeio fazer
coisas de mulher e de homem em casa. Odeio a forma que fui criado. Eu odeio não
precisar de ninguém e odeio ser responsável por tudo. Odeio a Igreja Católica e
toda sua hipocrisia.
Odeio que nada que
faço dá certo. Odeio meu toque de Midas invertido – tudo que toco vira merda: “toque
de mierdas”. Odeio não conseguir mais assistir filmes. Odeio normalizarem
filmes com 3 horas de duração. Odeio ar-condicionado no modo freezer.
Odeio viver. Odeio
ter depressão. Odeio minhas memórias e ficar relembrando delas. Odeio me
importar com quem não se importa comigo. Odeio ter dificuldades de jogar coisas
fora. Odeio não ter coisas bonitas e positivas para dizer às pessoas.
Odeio festas e odeio
ainda mais as pessoas que transformam nossos dias de festas em dias de brigas e
de tristeza. Odeio as pessoas de uma forma geral.
Odeio perder a saúde
correndo atrás de dinheiro. Odeio que doença mental seja considerada frescura e
o câncer, não. Odeio ter nascido em família de gente burra. Odeio ter herdado o
gene da burrice.
Odeio ouvir a opinião
das pessoas e acreditar que aquilo é uma verdade absoluta. Odeio quem não sabe,
mas finge que sabe e fala como se tivesse certeza daquilo.
Odeio não ser Deus e
odeio não poder jogar raios em algumas pessoas, transformando-as em pó e
fazendo do mundo um lugar mais legal. Odeio ter descoberto que Deus não existe
e odeio não sentir a ilusão de que a minha vida vai melhorar se eu ficar
repetindo preces.
Odeio as pessoas que
conseguem ser felizes, mesmo após terem sido atropeladas por um trem. Odeio
gente que possui a estranha mania de ter fé na vida.
Ontem, tive uma dor
física muito forte. Foi um torcicolo nível 8/10 que quase me impedia de
levantar do sofá. Pode ser que isto tenha me influenciado a acordar com ódio no
coração e sangue nos “zóio”.
Odeio,
principalmente, gente que odeia tudo. Odeio hoje. Só hoje. E talvez amanhã.
Eduardo
Franciskolwisk