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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Ódio no Coração



Tem dias que eu acordo odiando tudo e todos. Hoje é um desses dias.
 
Seria melhor eu não ter visto ninguém.
 
Hoje, eu odeio todas as pessoas e sinto desprezo por elas. São falsas, folgadas, aproveitadoras, más e egoístas. Eu consigo ver em cada uma a má intenção através de um sorriso ou de um estranho “Bom dia” que me faz pensar que “alguém caiu da cama e bateu a cabeça”. Essa gente só joga se tiver alguma coisa a ganhar.
 
Hoje, eu odeio a minha vida e odeio quem sou. Odeio as escolhas que fiz e odeio um futuro que poderia ser e não foi. Odeio todas as pessoas que cruzaram o meu caminho e também o mal que me fizeram mesmo pensando em me fazer o bem. Odeio cada ação que me fez chegar aonde cheguei. Odeio pensar que em outra dimensão “meu eu” acordou hoje amando tudo e todo mundo.
 
Odeio ter que acordar cedo e ir trabalhar. Odeio não ver sentido nenhum nisto, de correr atrás do meu próprio rabo. Odeio não ver sentido na vida. Odeio gente que se esforça ao máximo para que percamos a vontade de sorrir.
 
Odeio tudo a ponto do meu clima ficar pesadíssimo. Se eu quiser, consigo fechar o tempo de qualquer lugar em que eu estiver, como a X-men Tempestade.
 
Eu odeio ter que ficar consertando a cagada e a folga dos outros. Odeio sentir meu coração disparado parecendo um ataque cardíaco. Odeio ter que responder perguntas aparentemente inocentes, mas que por trás querem capturar todo um contexto.
 
Odeio pessoas mornas. Nem quente, nem frio. Nem sim, nem não. Odeio gente cuja personalidade é não ter personalidade.
 
Odeio o interesse das pessoas por trás de suas ações. Chego a sentir nojo. Eu odeio a política e a forma como ela funciona: pedala, pedala, pedala e não sai do lugar. Isto é intencional. Odeio ter descoberto isto e ter perdido a esperança.
 
Eu me odeio por completo. Odeio usar óculos. Odeio ser careca. Odeio minha forma TOCada de pensar. Odeio não sentir mais a felicidade genuína. Odeio ser maluco. Odeio não ter coragem. Odeio ter medo do futuro. Odeio ser doente mental. Odeio a vida como ela é. Odeio ficar despersonalizado. Odeio não sentir emoção.
 
Odeio ter insônia e odeio não conseguir dormir direito. Odeio não conseguir mais sonhar.
 
Odeio viver na imaginação. Odeio odiar ter um cachorro. Odeio limpar a casa. Odeio fazer coisas de mulher e de homem em casa. Odeio a forma que fui criado. Eu odeio não precisar de ninguém e odeio ser responsável por tudo. Odeio a Igreja Católica e toda sua hipocrisia.
 
Odeio que nada que faço dá certo. Odeio meu toque de Midas invertido – tudo que toco vira merda: “toque de mierdas”. Odeio não conseguir mais assistir filmes. Odeio normalizarem filmes com 3 horas de duração. Odeio ar-condicionado no modo freezer.
 
Odeio viver. Odeio ter depressão. Odeio minhas memórias e ficar relembrando delas. Odeio me importar com quem não se importa comigo. Odeio ter dificuldades de jogar coisas fora. Odeio não ter coisas bonitas e positivas para dizer às pessoas.
 
Odeio festas e odeio ainda mais as pessoas que transformam nossos dias de festas em dias de brigas e de tristeza. Odeio as pessoas de uma forma geral.
 
Odeio perder a saúde correndo atrás de dinheiro. Odeio que doença mental seja considerada frescura e o câncer, não. Odeio ter nascido em família de gente burra. Odeio ter herdado o gene da burrice.
 
Odeio ouvir a opinião das pessoas e acreditar que aquilo é uma verdade absoluta. Odeio quem não sabe, mas finge que sabe e fala como se tivesse certeza daquilo.
 
Odeio não ser Deus e odeio não poder jogar raios em algumas pessoas, transformando-as em pó e fazendo do mundo um lugar mais legal. Odeio ter descoberto que Deus não existe e odeio não sentir a ilusão de que a minha vida vai melhorar se eu ficar repetindo preces.
 
Odeio as pessoas que conseguem ser felizes, mesmo após terem sido atropeladas por um trem. Odeio gente que possui a estranha mania de ter fé na vida.
 
Ontem, tive uma dor física muito forte. Foi um torcicolo nível 8/10 que quase me impedia de levantar do sofá. Pode ser que isto tenha me influenciado a acordar com ódio no coração e sangue nos “zóio”.
 
Odeio, principalmente, gente que odeia tudo. Odeio hoje. Só hoje. E talvez amanhã.
 
Eduardo Franciskolwisk

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