Fiz farmácia, mais precisamente farmácia-bioquímica. Durante os 4 anos de faculdade, nunca imaginei que fosse trabalhar com outra coisa. Sempre fui cabeça-dura comigo mesmo, com a minha vida. “Se fiz farmácia, tenho que morrer trabalhando nisto.” Sempre levei a minha vida de forma ditatorial e burra.
Eu mudei. Agora vejo que posso ser várias coisas e que se uma não der certo, posso tentar outra. Não preciso ser necessariamente farmacêutico. Posso ser escritor (isso sempre fui), lixeiro, padeiro, prostituto, médico, fotógrafo, criminoso (sim, aqui no Brasil é profissão), professor, etc. Eu não enxergava isso.
Reconheço que tive sorte no começo da carreira farmacêutica, mas fiz burrada. Além disso, eu não estava psicologicamente preparado para algumas coisas da vida. Nunca mais tive uma oportunidade digna de emprego, então, para mim a farmácia não deu certo.
Na verdade, fiz farmácia por falta de outra oportunidade. Na época, foi a única opção que me foi dada. Então, agarrei-a e disse para mim mesmo “É com essa que eu vou!”. E aprendi a gostar dela, admirar e respeitar. Mas não deu certo e de certa forma eu me culpava por isso.
Então, comecei a me inspirar em outras pessoas que também fizeram faculdade e não seguiram trabalhando na área em que formaram. Comecei a prestar concurso público seja lá do que fosse.
Passei em um concurso público de nível médio e fui chamado. Me ligaram ontem para confirmar que eu começo na segunda. Lá paga praticamente igual ou mais do que se eu estivesse trabalhando como farmacêutico em Barretos. E eu não encontrava emprego fazia mais de 2 anos.
Por isso, estou deixando a farmácia. E eu preciso dizer isso:
— Obrigado pelos momentos bons, por tudo o que eu aprendi (ou tentei aprender) e por me fazer ver as pessoas de forma mais humana. Porém, nem tudo são flores e a situação atual fez com que não possamos mais seguir juntos. Talvez, no futuro, a gente volte a se encontrar, só que hoje eu preciso muito me despedir de você e dizer: Tchau, Farmácia!
Eduardo Franciskolwisk
P.S.: Este foi o post mais difícil que escrevi até hoje porque me perdia muito.