*escrito
em 07/04/2021
A
pandemia de COVID-19 em que estamos vivendo é uma pandemia fraca. No mundo
todo, tivemos 132 milhões de casos e somente 2,86 milhões de mortes, ou seja,
2,16%. No Brasil, 13 milhões de pessoas foram infectadas pelo coronavírus e
apenas 330 mil delas morreram, o que corresponde a 2,54%. Aqui na minha cidade
foram 10.693 casos e 263 mortes, o que equivale a 2,46%. São números muito
baixos quando comparados com outras pandemias que já assolaram o mundo.
Em
quase 3 anos de gripe espanhola, estima-se que houve 500 milhões de casos.
Ainda na base das estimativas, o número de mortes foi de 17 a 50 milhões,
podendo chegar a 100 milhões de óbitos. Se considerarmos, jogando baixo, que o
número de mortes tenha sido 25 milhões, temos 5% de doentes que morreram devido
à gripe espanhola. Este número é praticamente o dobro de morte do que temos nos
dias atuais com a COVID-19.
Já a
peste negra (ou peste bubônica), pandemia que ocorreu na Europa no século XIV,
matou 1/3 da população (atenção: não dos infectados), ou seja, 33,33%, em
estimativas conservadoras.
Me
lembro de que no começo da pandemia, pelos meus cálculos, a COVID-19 matava
7,5% dos infectados. Ou seja, de um tempo para cá diminuímos esta porcentagem,
que como já disse, está em 2,5%.
Depois
deste números, acho que fica mais fácil de entender porque eu disse que a
pandemia de COVID-19 é fraca. Estamos diante de uma pandemia mortal, mas
estamos “tranquilos e confortáveis” porque simplesmente poderia ser muito pior.
Acho que tivemos sorte.
Mas
tem uma coisa, um “pequeno” detalhe: estamos falando de vidas. Assim, qualquer
unidade importa muito porque é o pai, a mãe, o irmão, o filho, a avó, o tio ou
a sobrinha de alguém. Pode ser o seu vizinho ou apenas um conhecido de vista. É
alguém que pode representar 0,00001% nos cálculos e estimativas, mas que
representa 100% na vida de uma família.
E é
neste ponto que os governos e órgãos de saúde querem chegar: cada vida importa
e deveríamos fechar o mundo para tentar salvá-las. Mas as pessoas no Brasil
insistem que fechar tudo é pior para a economia, pois “pode quebrar o país” e
“matar as pessoas de fome”. Às vezes, eu penso que isto é só birrinha de
empresário mimado que não é acostumado a perder nada, que quer ganhar tudo no
agora, que só está no jogo pelo dinheiro e não também pelo desenvolvimento das
pessoas e do país. Mal sabe ele da vantagem que seria fechar tudo e perder um
pouco agora para lá na frente ganhar mais deixando de perder. Mortos não
consomem.
Fechar
tudo (o famoso Lockdown) é importante porque as pessoas não respeitam as
restrições. A prova está em qualquer cidade no Brasil. Hoje em dia, a gente
finge que os estabelecimentos estão fechados e o governo finge que acredita. O
resultado é este: 4.211 mortes em 24 horas, recorde de pior dia desde que
começou a pandemia.
A
maioria das pessoas é totalmente sem noção. Alguns resolveram que a pandemia é
uma boa época para viajar de avião e ir para a praia. Outros fazem festas em
casa mesmo e chamam todo mundo, inclusive o cachorro do amigo do vizinho. Fazer
festinha só com os seus familiares e pessoas de convívio diário eu aceito, mas
ir para a gandaia e pegação é coisa de gente burra que procura sarna para se
coçar. E num belo dia, elas encontram.
Tem
gente que usa o argumento (idiota, na minha opinião) de que por já ter tido a
doença está imunizado e por isso não pode mais transmitir o vírus. Aí, elas
deixam de tomar os devidos cuidados. Não sabem que podem se infectar de novo
com uma variante do vírus ou ser o vetor da doença, ou seja, carregar o vírus
de uma pessoa para outra. As pessoas não pensam com a cabeça, eu nem sei com o
que elas pensam... Ou melhor, no fundo eu sei que elas pensam, o problema é que
só pensam nelas mesmas.
O
grande problema da pandemia de COVID-19 é que ela é uma roleta russa. Qualquer
um pode pegar e o desfecho da história é imprevisível. O contaminado pode ser
assintomático e nunca saber que esteve doente ou pode ter apenas sintomas de
uma gripe normal. Pode também ser um idoso já doente que precisará ser
hospitalizado e que conseguirá sobreviver ou um jovem saudável que precisará
ser intubado e morrerá em menos de uma semana.
A
doença está chegando cada vez mais perto da gente e vai atingir a todos em
maior ou menor proporção. Eu achei que minha família sairia ilesa desta
pandemia, mas ela matou um tio meu, irmão da minha mãe. É difícil de acreditar
que isto aconteceu.
Eu
vejo pessoas sem máscaras andando na rua à esta altura do campeonato. Vejo
pessoas tomando medicamentos que a ciência diz não fazer efeito preventivo
nenhum. Sorte, esta é a palavra chave para esta pandemia. Dependemos dela e por
isso precisamos melhorar nossas probabilidades de viver.
Estamos
numa roleta russa. Precisamos fazer de tudo para adiar a nossa vez de atirar em
nossa própria cabeça porque quando ela chegar, só poderemos contar com a sorte.
Eduardo
Franciskolwisk