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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A Roleta Russa da COVID-19



*escrito em 07/04/2021
 
A pandemia de COVID-19 em que estamos vivendo é uma pandemia fraca. No mundo todo, tivemos 132 milhões de casos e somente 2,86 milhões de mortes, ou seja, 2,16%. No Brasil, 13 milhões de pessoas foram infectadas pelo coronavírus e apenas 330 mil delas morreram, o que corresponde a 2,54%. Aqui na minha cidade foram 10.693 casos e 263 mortes, o que equivale a 2,46%. São números muito baixos quando comparados com outras pandemias que já assolaram o mundo.
 
Em quase 3 anos de gripe espanhola, estima-se que houve 500 milhões de casos. Ainda na base das estimativas, o número de mortes foi de 17 a 50 milhões, podendo chegar a 100 milhões de óbitos. Se considerarmos, jogando baixo, que o número de mortes tenha sido 25 milhões, temos 5% de doentes que morreram devido à gripe espanhola. Este número é praticamente o dobro de morte do que temos nos dias atuais com a COVID-19.
 
Já a peste negra (ou peste bubônica), pandemia que ocorreu na Europa no século XIV, matou 1/3 da população (atenção: não dos infectados), ou seja, 33,33%, em estimativas conservadoras.
 
Me lembro de que no começo da pandemia, pelos meus cálculos, a COVID-19 matava 7,5% dos infectados. Ou seja, de um tempo para cá diminuímos esta porcentagem, que como já disse, está em 2,5%.
 
Depois deste números, acho que fica mais fácil de entender porque eu disse que a pandemia de COVID-19 é fraca. Estamos diante de uma pandemia mortal, mas estamos “tranquilos e confortáveis” porque simplesmente poderia ser muito pior. Acho que tivemos sorte.
 
Mas tem uma coisa, um “pequeno” detalhe: estamos falando de vidas. Assim, qualquer unidade importa muito porque é o pai, a mãe, o irmão, o filho, a avó, o tio ou a sobrinha de alguém. Pode ser o seu vizinho ou apenas um conhecido de vista. É alguém que pode representar 0,00001% nos cálculos e estimativas, mas que representa 100% na vida de uma família.
 
E é neste ponto que os governos e órgãos de saúde querem chegar: cada vida importa e deveríamos fechar o mundo para tentar salvá-las. Mas as pessoas no Brasil insistem que fechar tudo é pior para a economia, pois “pode quebrar o país” e “matar as pessoas de fome”. Às vezes, eu penso que isto é só birrinha de empresário mimado que não é acostumado a perder nada, que quer ganhar tudo no agora, que só está no jogo pelo dinheiro e não também pelo desenvolvimento das pessoas e do país. Mal sabe ele da vantagem que seria fechar tudo e perder um pouco agora para lá na frente ganhar mais deixando de perder. Mortos não consomem.    
 
Fechar tudo (o famoso Lockdown) é importante porque as pessoas não respeitam as restrições. A prova está em qualquer cidade no Brasil. Hoje em dia, a gente finge que os estabelecimentos estão fechados e o governo finge que acredita. O resultado é este: 4.211 mortes em 24 horas, recorde de pior dia desde que começou a pandemia. 
 
A maioria das pessoas é totalmente sem noção. Alguns resolveram que a pandemia é uma boa época para viajar de avião e ir para a praia. Outros fazem festas em casa mesmo e chamam todo mundo, inclusive o cachorro do amigo do vizinho. Fazer festinha só com os seus familiares e pessoas de convívio diário eu aceito, mas ir para a gandaia e pegação é coisa de gente burra que procura sarna para se coçar. E num belo dia, elas encontram.    
 
Tem gente que usa o argumento (idiota, na minha opinião) de que por já ter tido a doença está imunizado e por isso não pode mais transmitir o vírus. Aí, elas deixam de tomar os devidos cuidados. Não sabem que podem se infectar de novo com uma variante do vírus ou ser o vetor da doença, ou seja, carregar o vírus de uma pessoa para outra. As pessoas não pensam com a cabeça, eu nem sei com o que elas pensam... Ou melhor, no fundo eu sei que elas pensam, o problema é que só pensam nelas mesmas.   
 
O grande problema da pandemia de COVID-19 é que ela é uma roleta russa. Qualquer um pode pegar e o desfecho da história é imprevisível. O contaminado pode ser assintomático e nunca saber que esteve doente ou pode ter apenas sintomas de uma gripe normal. Pode também ser um idoso já doente que precisará ser hospitalizado e que conseguirá sobreviver ou um jovem saudável que precisará ser intubado e morrerá em menos de uma semana.
 
A doença está chegando cada vez mais perto da gente e vai atingir a todos em maior ou menor proporção. Eu achei que minha família sairia ilesa desta pandemia, mas ela matou um tio meu, irmão da minha mãe. É difícil de acreditar que isto aconteceu.
 
Eu vejo pessoas sem máscaras andando na rua à esta altura do campeonato. Vejo pessoas tomando medicamentos que a ciência diz não fazer efeito preventivo nenhum. Sorte, esta é a palavra chave para esta pandemia. Dependemos dela e por isso precisamos melhorar nossas probabilidades de viver.
 
Estamos numa roleta russa. Precisamos fazer de tudo para adiar a nossa vez de atirar em nossa própria cabeça porque quando ela chegar, só poderemos contar com a sorte.
 
Eduardo Franciskolwisk

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