Todas as florzinhas do mundo nascem, crescem, se reproduzem e morrem. A florzinha desta história não seria muito diferente das demais, mas um pequeno detalhe faz com que esta seja diferente, muito diferente.
Essa florzinha incomodava. Incomodava como muitos elefantes nunca conseguiram. Era feia e fedida. Sincera e corajosa. Cheia e útil.
Uma vez, um flor ligou pra ela, mas ele teve medo e não falou o que sentia para ela. Para conseguir o que queria, teve que falar com a florzinha através de recados os quais eram envidados por Terceiros. Os recados diziam:
– Senhora florzinha, peço gentilmente que fique quieta. Que cale a boca! Estou mandando que a senhora abra mão do seu direito de expressão. E que cale a verdade para que a mentira se sobressaia!
A florzinha não gostou nadinha disso e falou:
– Você pode fazer a gentileza de mandar esse tal flor vir falar comigo sobre isso? Ou será que ele tem medo de mim?
– Não sei, se ele tem medo de você! Só sei do recado... – disse o Terceiros.
– Tudo bem, isso não é muito importante. O que importa é que eu não tenho nenhum medo dele. Seja ele o flor que for, eu não tenho medo.
Muito tempo depois, o flor ainda mandava seus recados para a florzinha. Ela se irritou e também mandou seu recado para o flor através de Terceiros.
– Por favor, senhor Terceiros. Diga ao flor que se ele tem algo para conversar comigo, que venha falar na minha cara. Eu prefiro assim, pois os recados são facilmente distorcidos. Diga-lhe também que se ele não deve, não tem nada a temer.
Tal recado foi levado e nunca mais voltou. O flor, pelo que se ouviu falar morreu. Morreu de medo. Mas isso provavelmente era só um boato. (Afinal, o que as pessoas falam por aí, geralmente, não chega nem perto da verdade.)
As outras florzinhas ficaram sabendo da história, mas não se manifestaram. Ficaram quietas. Elas eram todas iguais. Não incomodavam ninguém. E por isso continuaram do mesmo jeito que eram. Eram bonitas e cheirosas. Falsas e medrosas. Vazias e descartáveis.
Soube-se depois, que por serem assim, essas outras florzinhas foram sendo arrancadas uma por uma, rumo à morte!
E até hoje, a florzinha feia e fedida, sincera e corajosa, cheia e útil, continua esperando o flor vir falar com ela pessoalmente. Nem que se fosse na forma de alma penada. Pois como ela mesma disse:
– Seja ele o flor que for, eu não tenho medo.
Eduardo Franciskolwisk
Essa florzinha incomodava. Incomodava como muitos elefantes nunca conseguiram. Era feia e fedida. Sincera e corajosa. Cheia e útil.
Uma vez, um flor ligou pra ela, mas ele teve medo e não falou o que sentia para ela. Para conseguir o que queria, teve que falar com a florzinha através de recados os quais eram envidados por Terceiros. Os recados diziam:
– Senhora florzinha, peço gentilmente que fique quieta. Que cale a boca! Estou mandando que a senhora abra mão do seu direito de expressão. E que cale a verdade para que a mentira se sobressaia!
A florzinha não gostou nadinha disso e falou:
– Você pode fazer a gentileza de mandar esse tal flor vir falar comigo sobre isso? Ou será que ele tem medo de mim?
– Não sei, se ele tem medo de você! Só sei do recado... – disse o Terceiros.
– Tudo bem, isso não é muito importante. O que importa é que eu não tenho nenhum medo dele. Seja ele o flor que for, eu não tenho medo.
Muito tempo depois, o flor ainda mandava seus recados para a florzinha. Ela se irritou e também mandou seu recado para o flor através de Terceiros.
– Por favor, senhor Terceiros. Diga ao flor que se ele tem algo para conversar comigo, que venha falar na minha cara. Eu prefiro assim, pois os recados são facilmente distorcidos. Diga-lhe também que se ele não deve, não tem nada a temer.
Tal recado foi levado e nunca mais voltou. O flor, pelo que se ouviu falar morreu. Morreu de medo. Mas isso provavelmente era só um boato. (Afinal, o que as pessoas falam por aí, geralmente, não chega nem perto da verdade.)
As outras florzinhas ficaram sabendo da história, mas não se manifestaram. Ficaram quietas. Elas eram todas iguais. Não incomodavam ninguém. E por isso continuaram do mesmo jeito que eram. Eram bonitas e cheirosas. Falsas e medrosas. Vazias e descartáveis.
Soube-se depois, que por serem assim, essas outras florzinhas foram sendo arrancadas uma por uma, rumo à morte!
E até hoje, a florzinha feia e fedida, sincera e corajosa, cheia e útil, continua esperando o flor vir falar com ela pessoalmente. Nem que se fosse na forma de alma penada. Pois como ela mesma disse:
– Seja ele o flor que for, eu não tenho medo.
Eduardo Franciskolwisk
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