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Arte: Freddy Cat - Alana McCarthy |
Eu me lembro de uma
menina fantástica que apareceu com alguns machucados no antebraço.
— O que é isto,
menina maravilhosa? – perguntei analisando as feridas.
— Foi o gato. Ele me
arranha quando brinco com ele. – ela me respondeu.
Logo pra acima de
“moi”! (significa mim em francês, pra quem não sabe... se pronuncia moá)
Sou um perito formado
pela série televisiva CSI - Crime Scene Investigation.
Escancaradamente uma
mentira.
Tive gatos 75% da
minha vida e enchia bastante o saco deles. Eles retribuíam o carinho com
arranhões.
Um arranhão para um
lado, outro arranhão para o outro. De cima pra baixo, de lado pra cima. A
maioria dos arranhões eram rasos, mas um ou outro eram profundos. Cada um no
seu formato único e aleatório.
— Acontece, menina
Bela, que estes machucados estão muito retinhos e iguais. Não foram feitos por
um gato, mas sim por um estilete. – pensei, mas não falei nada.
Mas ficou um
sentimento de impotência dentro de mim. De querer ajudar e não conseguir. De
querer saber do sofrimento e não ter ideia do que fosse.
Ofereci ajuda
discretamente dizendo “Tá tudo bem? Foi o gato mesmo? Se você precisar
conversar sobre alguma coisa, me avisa!” e foi o mesmo que falar para o vento.
Agora tínhamos 2
feridos: o antebraço dela e o meu coração.
Desejei
profundamente, com todas minhas forças, que a autoagressão parasse por ali. Sem
nenhuma escalada durante a vida daquela menina. Uma menina gata.
Eduardo
Franciskolwisk
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