Outro dia eu perguntei para a Presidente do Conselho. “Por que não fazem uma lei que exija que todos os donos de farmácia sejam farmacêuticos?”. Dei exemplos: “Os médicos são donos de seus consultórios, os dentistas também, por que não farmacêuticos como donos de farmácias? Assim, a visão de lucro deixaria de estar em primeiro lugar.”.
Ela respondeu: “Não podemos exigir isso. Qualquer um que quiser, pode montar uma clínica de médicos ou de dentistas, desde que lá existam médicos e dentistas exercendo suas atividades. Então, qualquer um pode montar uma farmácia desde que tenha um farmacêutico trabalhando lá.”.
Tenho de reconhecer, foi uma boa resposta! Porém, só em um primeiro momento. Basta pensarmos e encontraremos uma falha. Médicos e dentistas atendem a seus pacientes em uma sala fechada. Não há ninguém mais para dar palpite na relação profissional-paciente. Já na farmácia, todo mundo está ali do lado, ouvindo e dando palpites. Quanto mais o cliente levar, melhor; mesmo se ele não precisar de nada. O dono fica ali do lado ouvindo tudo, prontinho para reprovar qualquer ato que não dê lucro.
A nossa situação é diferente! Não podemos considerar que é igual à de médicos ou dentistas. Para situações diferentes, soluções diferentes. É preciso mudar a forma de vermos o mundo porque o mundo nos vê de uma forma diferente.
Enquanto os donos de farmácia não forem farmacêuticos, continuarão vendendo medicamentos controlados sem receita médica, bebidas alcoólicas (junto com o kit churrasco) e remedinhos abortivos.
Não podemos tirar das pessoas (de qualquer um) o direito de abrir uma farmácia. Mas poderíamos incentivar os farmacêuticos para que abram seus próprios estabelecimentos. Como? Facilitando o acesso a crédito em bancos. Ou seja, empréstimos a juros baixos para que o profissional possa montar sua farmácia por completo.
Assim, o processo de transformar as farmácias em estabelecimentos de saúde seria bem mais rápido e a qualidade nos serviços seria melhor. É uma questão de saúde pública.
Não podemos esquecer que isso seria enriquecedor para a profissão, pois quem mandará na farmácia não é ninguém além do farmacêutico.
O parágrafo abaixo é intrigante. É também a nossa realidade. Precisamos parar para pensar nisso:
Um consultório não funciona sem o médico. Uma padaria não funciona sem o padeiro. Uma escola não funciona sem o professor. Um bordel não funciona sem a prostituta. E a bendita farmácia funciona sem o farmacêutico! Por quê?
Eduardo Franciskolwisk