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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Viagem a Portugal e Espanha – Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) – Parte 3


Dia 2 – Lisboa

Museu Nacional de Arte Antiga – MNAA (Continuação)

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Continuando a visita pelo museu, nos deparamos com algumas peças muito bonitas e que me fizeram pensar no quanto eu e você somos pobres.

Conheçam agora estes objetos que são obras de arte com metais e pedras preciosas.

Coroa básica, só para começar.

Outro ângulo da coroa básica.

Custódia da Bemposta – Século XVIII (1777)
Prata dourada, diamantes, rubis, topázios (rosas e incolores), 
esmeraldas, safiras, cristais de rocha e ametistas.

É uma das mais ricas peças da ourivesaria barroca portuguesa. Esta Custódia é proveniente do Paço Real da Bemposta e foi desenhada pelo arquiteto Mateus Vicente de Oliveira, cabendo a Adam Pollet o requintado trabalho de joalharia.

O que é prata dourada?
Segundo a Conservadora de Coleções de Ourivesaria e Joalheria do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), “a prata dourada é, na verdade, prata com um banho ou uma camada de ouro. A prata é sempre trabalhada em liga com outros metais mas, desde cedo, usou-se o banho de ouro para poder dar um tom dourado à prata sem, de facto, se usar ouro.”

O que é custódia?
É um receptáculo, geralmente de ouro ou de prata, no qual se deposita a hóstia para expô-la à adoração dos fiéis; ostensório.

Custódia de prata dourada e diamantes
Cálices de prata dourada
Todos são do século XVIII.

Custódia do século XVIII.
Prata dourada, esmeraldas, rubis, diamantes, 
topázios, granadas e safiras.

Píxide do ano de 1766.
Prata dourada, diamantes, rubis, 
esmeraldas e vidros.

O que é píxide?
É um vaso sagrado em forma de cálice com tampa onde se guardam as hóstias e partículas consagradas para a comunhão. Também é conhecida como cibório ou âmbula.

Cálice – Ano: 1768.
Prata dourada, ouro, rubis, diamantes, 
esmeraldas e vidros.

Coisa para guardar uma custódia.
Sei lá o nome oficial disto. Vamos chamar de caixa.

Custódia de Belém, ano de 1506.
Ouro e esmaltes policromos.


Além de ser toda detalhada e de ser feita de ouro maciço, o legal desta obra é que ela é atribuída a Gil Vicente, o mesmo dramaturgo que escreveu “O Auto da Barca do Inferno” e “Farsa de Inês Pereira”. Ele também era ourives.

O trecho seguinte sobre a Custódia de Belém foi retirado do site do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). Leia e conheça um pouco mais sobre esta obra:

“Custódia de Belém: a mais célebre obra da ourivesaria portuguesa, pelo seu mérito artístico e pelo seu significado histórico.

Mandada lavrar pelo rei D. Manuel I para o Mosteiro de Santa Maria de Belém (Jerónimos), a Custódia de Belém é atribuível ao ourives e dramaturgo Gil Vicente. Foi realizada com o ouro do tributo do Régulo de Quilôa (na atual Tanzânia), em sinal de vassalagem à coroa de Portugal, trazido por Vasco da Gama no regresso da sua segunda viagem à Índia, em 1503, é um bom exemplo do gosto por peças concebidas como microarquiteturas no gótico final.

Destinada a guardar e expor à veneração dos fiéis a hóstia consagrada, apresenta, ao centro, os doze apóstolos ajoelhados, sobre eles pairando uma pomba oscilante, em ouro esmaltado a branco, símbolo do Espírito Santo, e, no plano superior, a figura de Deus Pai, que sustenta o globo do Universo, materializando-se deste modo, no sentido ascensional, a representação da Santíssima Trindade.

As esferas armilares, divisas do rei D. Manuel I, que definem o nó, como que a unir dois mundos (o terreno, que se espraia na base, e o sobrenatural, que se eleva na estrutura superior), surgem como a consagração máxima do poder régio nesse momento histórico da expansão oceânica, confirmando o espírito da empresa do Rei Venturoso.”

Cruz de D. Sancho I, datada de 1214.
Ouro maciço, safiras, granadas, pérolas e 
aljôfares (pérola menos fina, muito miúda e irregular).

Esta é a peça que me levou até o museu.

Quando D. Sancho I morreu deixou uma copa (cálice grande que se se usava na mesa do rei) para ser fundida e transformada em cruz processional para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. A própria cruz documenta a morte do rei, pois a inscrição atrás da cruz diz exatamente isto: “Esta Cruz mandou fazer o rei D. Sancho I no ano de 1214.”. Esta cruz tem mais de 800 anos!

Uma coisa que me chamou a atenção é que algumas das pedras preciosas têm inscrições gravadas em árabe, o que quer dizer que estas gemas pertenciam a um tesouro árabe que foi parar em mãos cristãs.

Outra coisa interessante é que no espaço central que parece faltar uma pedra, falta na verdade uma relíquia. Ali estava um pedaço de madeira na qual Jesus Cristo foi crucificado.

Santa Helena, mãe do imperador Constantino e considerada a primeira arqueóloga cristã, vai até o monte Gólgota e encontra a cruz de Jesus em uma cisterna. A certeza de que era a cruz do próprio Jesus aconteceu porque lá também estava a plaquinha “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”, hoje em dia reproduzida nos crucifixos com uma forma abreviada: INRI. 

A cruz de D. Sancho I é uma obra-prima de vanguarda, representando a transição do românico para o gótico.

Descrição e explicação da Cruz de D. Sancho I, ano 1214.

Detalhes da Cruz de D. Sancho I, ano 1214.

Detalhe da Cruz de D. Sancho I onde estava uma
relíquia: um pedaço da madeira da cruz de
Jesus Cristo, ano 1214.

Parte de trás da Cruz de D. Sancho I, ano 1214.

Detalhe com a data MCCXIV (ano 1214) na parte
de trás da Cruz de D. Sancho I.

Centro de mesa, 1729-1748.
Prata.

Chaleira e Escalfador, 1748-1791.
Esta peça é muito linda. Devia matar qualquer visita de susto!!!

Chaleira e Escalfador, 1748-1791.
Outro ângulo.

Na próxima postagem vou mostrar algumas pinturas do museu.

Até lá.

Eduardo Franciskolwisk

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