“Este filme é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Principalmente você Jenny Beckman. Vadia!”. É assim que o filme começa.
Depois o narrador fala conosco e diz: “Esta é a historia de um garoto que conhece uma garota. Mas não é uma história de amor.”
Tom cresceu acreditando que nunca seria feliz de verdade até o dia em que conhecesse a mulher da sua vida. Isso aconteceu porque quando criança ouviu muita música pop britânica triste e porque interpretou um filme chamado “A primeira noite de um homem” de forma errada.
Summer não tem a mesma crença de Tom. Desde o divórcio de seus pais, ela só amava duas coisas: a primeira era seus cabelos negros compridos e a segunda era como ela conseguia cortá-los facilmente e não sentir nada.
Tom se apaixona por Summer. Ele acredita do amor. Ela não.
Summer é traumatizada em relação ao amor. Ela acha que relacionamentos são confusos e que, geralmente, alguém acaba se machucando. E Tom acredita no amor verdadeiro.
O filme tem um formato bem diferente. Não é um filme comum. A cada cena o filme avança ou volta no tempo, chegando a confundir. Porém, este vai e volta é fundamental para o filme dar certo.
O legal é que tudo o que acontece com os personagens já aconteceu conosco pelo menos uma vez na vida. Todo mundo já levou fora e já deu fora. É impossível não se ver no lugar do Tom em alguns momentos e em outros, no da Summer.
Eles começam a sair depois que Summer o beija. Fazem tudo juntos e tudo parece bem. Mas ela havia dito para ele que não queria nada sério. Tom achou que com o decorrer do tempo ela poderia se envolver... Só que isso não acontece.
Acho que a Summer é depressiva, fria e calculista. Isso fica evidente quando o narrador diz sobre o quanto ela amava seus cabelos e que não tinha receio nenhum em cortá-los de qualquer jeito. Ela só pensa em si, não foi sincera com ele depois que eles voltaram a se encontrar em um casamento. Ela foi bem egoísta em não contar que tinha outra pessoa. Mas o pior foi agir como se estivesse interessada e depois o convidar para a festa de noivado dela, sem avisar que era o noivado dela. Que tipo de garota faz isso? Isso aí se chama tortura.
E ela ainda tem a capacidade de ir atrás de Tom no lugar favorito dele. Ele diz: “Você não queria ser a namorada de ninguém e agora é a esposa de alguém. Como isso aconteceu?”. Ela responde: “Eu acordei um dia e soube.” Tom pergunta: “O que?” e ela fala “O que com você eu nunca tive certeza”. Isso é um soco na cara de alguém. Não se faz isso! Vai atrás do cara só para pisar mais um pouquinho, para humilhar ainda mais.
Com tudo o que acontece no filme, eles acabam trocando de opinião: ela passa a acreditar no amor verdadeiro e ele passa a ficar com o pé atrás. Essa é a impressão que tenho. Isso acontece, as pessoas mudam de opinião no decorrer dos fatos.
O filme ainda diz que as pessoas gostam de falar de destino. Não existe destino. Nada é para ser. Tudo não passa de coincidência.
A irmã mais nova de Tom é muito mais madura do que ele. É ela quem dá conselhos e ajuda o irmão a superar o fora que levou da Summer. Isto é bem legal de se ver em um filme, porque às vezes as pessoas mais novas são mais maduras do que as mais velhas. É um filme bem realista.
Tem outra cena bem “realista”, mas que é mostrada de forma bem fantasiosa. No dia seguinte, após ter dormido com Summer, ele vai trabalhar e no caminho todos o cumprimentam, dançam no meio da praça e Tom chega a ver passarinho azul. É como nos sentimos quando estamos extremamente felizes, quando temos aquela sensação de “estamos podendo”.
Há também uma parte do filme que mostra a expectativa e a realidade ao mesmo tempo. Outra vez vemos algo que já aconteceu conosco. A expectativa é a parte em que imaginamos como queremos que as coisas aconteçam. A realidade é como as coisas são e nunca é como imaginamos na nossa expectativa. O resultado é a frustração.
A trilha sonora do filme é fantástica. Todas as músicas são ótimas e bem gostosas de ouvir.
Assistam ao filme. Mesmo depois de eu já ter contado boa parte dele aqui, ainda vale a pena assisti-lo.
Eduardo Franciskolwisk