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sábado, 31 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011

RETROSPECTIVA 2011 

O final do ano, querendo ou não, é uma época onde pensamos sobre o que aconteceu com a gente de janeiro a dezembro. É um tempo em que também colocamos metas para alcançar no novo ano que chega.

Embora a minha memória esteja ficando cada vez pior, irei colocar algumas coisas que aconteceram comigo em 2011.

1) Arrumei emprego. Mais que um pra dizer a verdade. Um deles é numa empresa privada. O outro é em um órgão público, fiz concurso e me chamaram. Não tenho mais muito tempo para outras coisas, por isso o blog ficou meio abandonado. Mas eu adoro isso aqui!

2) Comecei a ficar doido, literalmente. Não doidão, mas doido doente. Este ano eu pirei na batatinha. Este ano fui em psicóloga e em psiquiatra. Eu não sou normal, mas este ano descobri que talvez tenho salvação. Diagnóstico: depressão, ansiedade, pânico e um pouco de fobia social.

3) O amor continua a mesma merda de sempre. Mas dei alguns passos, mesmo que tímidos, em relação a sair de casa, ir ao shopping ou tomar sorvete.

4) Meu pai se matou.

5) Cancelei meu CRF. Não sou mais um farmacêutico de carteirinha.

6) Acho que estou perdendo o jeito e a inspiração para escrever, mas vamos ver o que sai aqui no blog em 2012.

7) Muitas outras coisas aconteceram, mas não me lembro bem. Então, deixa para lá.

Desejo para todos vocês, meus leitores, um FELIZ 2012. Não vai ser perfeito, mas que os acontecimentos bons sejam em maior quantidade do que os ruins. Temos de ter esperança.

Um beijo,

Eduardo Franciskolwisk

domingo, 11 de dezembro de 2011

Horário de Almoço

velho_em_banco

Todos os dias, um homem velho se sentava no mesmo local para almoçar. A distância do trabalho à sua casa era muito longa, por isso ele preferia ficar sentado no banco de uma praça, fazendo a sua refeição. A comida era muito simples e, raramente, era acompanha de algum suco ou água. Ele comia sozinho todos os dias. E isso o fez um bom observador sobre o que ocorria ao seu redor naquela praça.

Mas houve um dia que ficou destacado em sua memória. Enquanto comia saboreando ao máximo o seu almoço, vagarosamente, aproximava-se dele uma cadela marrom e de médio porte. Não demorou muito para que o velho homem percebesse uma sutil presença. No entanto, ao levantar seu rosto e olhar para a pobrezinha, ela se assustou e recuou um bom par de passos. Ela teve medo.

O velho logo percebeu pela cara dela, ou melhor, pela língua, que ela estava com sede, muita sede. E vendo que ela não tinha dono, pensou que também deveria estar com fome. Catou, então, um pedaço de carne de seu prato e colocou no chão, dizendo:

– Venha, mocinha! Este pedaço aqui dou para você!

Mas a cadela se afastou mais ainda. Por isso, o homem pegou outro pedaço de carne de seu prato e o colocou novamente no chão, mas, desta vez, não tão perto dele.

Ela pensou em se aproximar e chegou a dar alguns passinhos para a frente, mas logo voltou a recuar ainda mais. A mesma coisa aconteceu várias outras vezes. O homem, portanto, pensou:

– Com essa língua para fora desde que chegou, acho que deve estar mais com sede do que com fome.

Porém, naquele dia, o homem não estava bebendo nada. Mesmo assim, se dispôs a levantar e procurar um copo. Só que quando se levantou, a cadela se assustou de vez e saiu correndo até sumir de vista.

Com a certeza de que ela voltaria, ele continuou a procurar algum copo jogado pelos gramados da praça. Foi difícil achar um, mas depois de uma caprichada busca, enfim, encontrou. Para encher de água foi fácil, havia uma torneira a alguns passos de onde ele costumava se sentar.

Copo achado e copo enchido, este foi colocado no chão. Agora era só esperar a volta da cadela.

– Tiro e queda, eu sabia que você voltaria. Não precisa ter medo, pode tomar o quanto de água você queira!

Mas por algum motivo, ela ainda tinha medo. E após olhar o homem nos olhos, deu meia-volta e se mandou com a língua ainda para fora de tanta sede.

Já o velho homem ficou triste e pensativo:

– Nossa, eu fiz tudo para ajudá-la: dei um pouco da minha comida e fui buscar água só para que ela bebesse e, no entanto, ela recusou. E recusou de medo de mim. Pobrezinha. Deve ter apanhado bastante por tentar se aproximar de pessoas para pedir água ou comida. Com certeza achou que eu fosse fazer o mesmo.

Ele ainda tinha meia hora antes de voltar ao trabalho. Terminou de almoçar e ficou ali olhando os pedaços de carne e o copo cheio de água. Pensou:

– Fiz tudo isso à toa! Ninguém vai comer essas carnes e nem beber essa água. Que desperdício!

Nesse mesmo instante, no momento em que terminava seu pensamento, apareceram dois outros cachorros. Ambos eram pretos e pequenos. Era óbvio que eles também não tinham donos. Um tinha os pêlos um pouco desarrumados, mas o outro, parecia um monstrinho de tão feio.

Já chegaram comendo os pedaços de carne e depois, enquanto um bebia água, o outro esperava. O homem pegou o resto do seu almoço e se aproximou dos dois, abaixou-se e o colocou no chão. Nenhum deles se assustou! E o velho sabia que aqueles cães já tinham apanhado por pedir comida ou por pura maldade das pessoas e, mesmo assim, eles não tiveram medo.

O cão que esperava comeu mais um pouco e o outro, que bebia água, já tinha praticamente acabado com a água do copo e enfiava o focinho o máximo que podia dentro do copo para beber o que sobrava.

Vendo que a água tinha acabado, o homem pegou o copo e foi novamente até a torneira e o encheu. Quando voltou, foi a vez do outro cãozinho tomar água. E ele fez igual ao seu companheiro e bebeu o quanto pôde. O homem achou aquela cena muito engraçada: eles faziam de tudo para que o focinho não os impedisse de tomar toda a água do copo.

Já satisfeitos, os dois foram embora juntos, seguindo o mesmo caminho. E deixaram o velho homem a pensar:

– Enquanto uns têm medo das oportunidades que aparecem, outros as agarram com unhas e dentes.

Eduardo Franciskolwisk

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