Eu estou doente. Mentalmente doente. Hoje, lendo um pouco em um site sobre Transtorno do Pânico vi este sintoma:
“Despersonalização refere-se à sensação de estranhamento de si mesmo (sentimento de perda ou transformação do eu) e desrealização ao estranhamento do ambiente (perda da relação de familiaridade com o mundo).”
Às vezes, tenho a sensação de que eu não sou mais eu. Tenho a sensação de me ver por fora, como se eu fosse o telespectador sendo que eu deveria ser o fora.
Este final de semana está sendo difícil. Não aconteceu nada de ruim, mas estou mal. Às vezes acho que não vou agüentar por muito tempo.
Diversões parecem não existir no meu mundo. E se existem, não sei como brincar, como fazer as coisas serem divertidas. Tudo é problema, tudo é obrigação. Se não são as minhas obrigações, são as obrigações dos outros que caem sobre mim. Tento isentar todos da culpa, jogando-a sobre mim. E eu vou dizer uma coisa, depois de quase 29 anos fazendo isto, eu já não agüento mais. Cansei. A vida é chata em 75% do meu tempo.
Faz tempo que eu queria dizer isto, mas as possíveis críticas que receberia não me deixavam. Hoje, eu digo o que muitas vezes já pensei: eu preferiria ter um câncer a ter o que eu tenho.
Quando você tem câncer, imagino que as pessoas entendam (ou tentem entender) e te dêem uma trégua. Quando você tem uma doença mental, ninguém vê, ninguém sabe, ninguém entende o que é. E a trégua não existe. Você é obrigado a estar a 1.000 por hora e pronto. Sinto que vou explodir.
A vida não tem graça. Nunca teve. Não vejo sentido em viver. Se eu pudesse, nasceria em uma outra época ou em um país bem distante. Talvez, se eu simplesmente nascesse de novo, bastaria para ter outro cérebro e outros pensamentos.
E quem se importa? Ninguém. Hoje, para ser sincero, nem mesmo eu.
Solidão!
Eduardo Franciskolwisk