Algumas
vezes, ao observar crianças e animais, me lembro de algo que já não tenho mais
há muito tempo: a felicidade inocente. E quando digo inocente, quero dizer
genuína. É aquela felicidade tão verdadeira que, querendo ou não, contagia quem
está perto. Quem está por perto sorri com os lábios e também com o coração.
A
felicidade inocente é aquela felicidade onde acreditamos que tudo, tudo mesmo,
é possível. É aquela felicidade que não se importa com o que aconteceu no
passado, nem com o que acontecerá no futuro, só se importa com o agora. Não
existe dinheiro, obrigações, medos ou distinções. Não há ansiedades, nem mágoas
mal resolvidas. O importante é ser feliz intensamente hoje com o que se tem.
Recentemente,
detectei esta felicidade em uma criança e em um cachorro. E me peguei
observando e pensando sobre ela. E me perguntei: quando foi que a minha
felicidade inocente terminou?
Não
sei a resposta, mas desconfio que ela não tenha acabado de repente, de uma hora
para outra. Foi algo que aconteceu aos poucos durante muitos anos.
Acontecimentos e pessoas vão podando nossos desejos, sonhos e inocência; e
quando percebemos já não somos mais felizes inconsequentemente, como deveríamos
ser. Depois que a felicidade inocente morre, passamos a ter cotas mínimas de
felicidade. No meu caso, estas cotas estão cada vez menores.
Depois
de pensar em mim, voltei a pensar na criança e no cachorro. Fiquei imaginando
coisas como: quando a felicidade inocente deles morrerá? Eu farei parte disso?
Quem dará o golpe final? Ou esta felicidade deles nunca morrerá porque isto
seria uma decisão pessoal de cada um?
Vi
uma criança brincando e dando risadas sinceras que vieram do fundo da alma. Vi
nas entrelinhas de seu comportamento sua vontade de conquistar o mundo fazendo
o que se gosta. Realizar tudo o que se deseja é possível.
Vi um
cachorro feliz, tão feliz que não conseguia segurar o remelexo de seu corpo
tamanha a alegria de ter encontrado um amigo. Vi diversas vezes ele abanando o
rabo porque brincava com uma bolinha ou porque soube que ia passear.
Nestas
horas sinto a felicidade sincera. E quem sente uma felicidade tão pura assim
nos outros, acaba que por se sentir feliz também, mesmo que seja por pouco
tempo. Depois, voltamos ao normal e lembramos que a felicidade inocente da
nossa alma não existe mais. Dói um pouco, mas este lapso de felicidade é melhor
do que nada.
Eduardo
Franciskolwisk
P.S.:
Quem quiser e se sentir confortável, deixe nos comentários relatos de momentos
da sua vida nos quais você acha que sua a felicidade inocente morreu um
pouquinho.