Ternura
é quando uma pessoa tem sentimentos afetuosos, ou seja, é quando ela sente ou
desperta afeto nos outros. Ternura é carinho, meiguice, é gentileza. É quando a
bondade inspira nossas ações. Você faz o bem para ver o outro bem e, então, se
sente bem. Ela deveria ser uma das bases para os relacionamento entre as
pessoas. Mas não é.
Parando
para pensar, conheci poucas pessoas ternas no mundo. A maioria é grossa,
mal-educada e altamente focada no próprio umbigo. Onde moro, tanto aqui em casa
quanto na sociedade lá fora, não há ternura. E eu me pergunto: será que sou eu
que tenho azar ou ternura é coisa rara de se achar por aí?
Posso
estar errado, mas sempre tentei ser uma pessoa terna. E ternura em homens é
considerado viadagem, fraqueza; é um ponto negativo. Mesmo assim, insisti,
achava que este era o melhor caminho. Insisti nisto por anos, na verdade foi
por mais de 3 décadas. Deu errado! Quebrei a cara. A voz do grilo falante lá no
fundo da minha inconsciência disse sabiamente: “Volta que deu merda!”.
Se
deu tão errado assim, claramente a solução é fazer tudo ao contrário do que eu
fazia antes. E passei a deixar a ternura de lado e a tentar ser mais parecido
com as outras pessoas. Lógico que eu consegui. É muito fácil agir sem se
importar com os outros, olhá-los e analisá-los com deboche e rir de seus
defeitos físicos, mentais ou morais. É facílimo ver em cada ação das pessoas
uma segunda intenção, um interesse implícito. Então, deixei a ternura de lado.
Nem
os que vão à Igreja todos os domingos se esforçam para alcançar a ternura. Elas
dizem “Amém” e, lá fora minutos depois, pegam um rolo compressor e passam por
cima das outras pessoas sem nenhuma sombra de dúvidas, sem nem cogitar a
hipótese do mal que fazem aos outros. Sem nem lembrar do que seu Deus lhes
ensinou.
Outra
coisa que me incomodava bastante é a agressividade gratuita das pessoas. Ainda
me incomoda, mas, pasmem, já me acostumei. De tão acostumado, agora eu sou o
agressivo. Como se “A melhor defesa é o ataque” fosse a melhor saída para uma
vida mais leve. Não é, mas é um caminho para dizer às pessoas que “Quem planta
vento, colhe tempestade”. Talvez assim me deixem um pouco em paz.
De
forma geral, minha vida sempre foi cheia de terror. Era muito comum as pessoas
me ameaçarem ou me aterrorizarem. Elas criam um medo que não existe a não ser
na sua cabeça e você fica refém daquilo para quase todo o sempre. Coisas
que não fazem nenhum sentido para um adulto, mas que acabam com a vida de uma
criança ou adolescente. “Esta matéria é muito difícil, se não estudar você vai
repetir de ano.” “Quando você tiver uma namorada, vou contar tudo o que você
faz ou é de ruim e ela vai te deixar.” “Se você repetir de ano, eu te
arrebento” “Não faz assim, você vai me matar deste jeito”. Onde está a ternura
em viver um vida ouvindo este tipo de coisa? Não sei se foi a sociedade que se
perdeu ou se foi eu que tive uma vida azarada, só com as pessoas erradas.
Por
causa disso tudo, um dia eu acordei e percebi que a ternura já não existia mais
em mim. Ela havia ido embora. E quando a ternura vai embora, ela não volta. Ela
deixou um buraco bem grande em mim e levou consigo minha esperança, minha
energia, meu otimismo, minha felicidade e minha fé nas pessoas.
E foi
só tudo isto que eu perdi.
Eduardo
Franciskolwisk