Dia 1
Saímos da minha cidade
até o Aeroporto de Guarulhos (GRU) em um ônibus fretado pela CVC. Ele estava
com a suspensão quebrada e balançou tanto, mas tanto, que eu passei mal e
fiquei boa parte da viagem agachado no banheiro do ônibus com ânsia de vômito.
Eu não vomitava nada porque não tinha nada no estômago para vomitar, então eu
só “gorfava”.
Este é o ônibus com a suspensão quebrada que me proporcionou emoção a viagem inteira. |
Imaginem a cena: eu de
cócoras no banheiro minúsculo de um ônibus em movimento com a boca em cima da
privada e segurando onde podia para não enfiar a cabeça dentro do vaso
sanitário enquanto o ônibus sacudia suavemente como se eu estivesse dentro de
um liquidificador.
Foi uma linda forma de
começar a minha primeira viagem internacional.
Check-in Iberia
Chegamos em São Paulo
no aeroporto de Guarulhos e já fomos fazer o check-in no balcão da Iberia.
Apesar do atendente ter visto que eu e minha mãe estávamos juntos, ele não nos
perguntou se queríamos sentar juntos. Quando pedimos ele já tinha nos colocado
em poltronas separadas, mas falou que tentaria mudar. Ele disse que tentou, mas
não conseguiu. Desta forma, viajaríamos em filas diferentes, porém, um atrás do
outro. Foi o mais próximo que ele conseguiu no colocar.
A Iberia cobra para
marcar assento. E cobra caro. É por isto que o atendente aqui do Brasil não se
esforçou para que eu e minha mãe sentássemos juntos. É uma forma de dizer “Dá
próxima vez, se quiser viajar um do lado do outro, pague!”. Ponto negativo para
a Iberia, pois também é uma forma de proporcionar uma experiência desagradável
para o passageiro. Com certeza, futuramente isto será levado em consideração
quando eu for escolher uma empresa aérea.
Voos Iberia
Voo Iberia: forneceram uma manta e um travesseiro. |
O voo de São Paulo a
Madri foi tranquilo. Não gostei da educação das aeromoças da Iberia porque
parecia que elas não tinham muita paciência com os passageiros. Na verdade, - não
sei bem o porquê, é apenas uma impressão minha - acho que não trataram os
passageiros bem porque a maioria era brasileiro.
A distância de uma
poltrona à outra era bem pequena e por isso não era muito confortável. Havia na
frente de todas as poltronas uma tela touch screen que só funcionava quando
queria, mas era possível assistir vários filmes recentes.
Uma tela "touch screen" em cada poltrona com filmes conhecidos e recentes. |
Durante o voo, eu
passei sede porque não sabia que podia encher a garrafinha de água antes de
entrar no avião e fiquei com vergonha de ficar pedindo água toda hora para as
aeromoças. Hoje, eu me pergunto se era vergonha ou medo, tendo em vista que
aquelas aeromoças não eram muito carismáticas. E eu não estava a fim de morrer
naquele dia...
Era um voo de 10 horas,
deu tempo até de desconfiar da mulher que estava sentada à minha esquerda.
Achei que ela estava roubando coisas do avião. Ou de mim. Ela abria a bolsa
debaixo das cobertas e demorava bastante mexendo em alguma coisa, enrolando e
olhando para os lados. Teve uma hora que fui ao banheiro e quando voltei,
cismei que ela poderia ter mexido na minha mochila. E foi aí que eu lembrei que
eu não tinha colocado a doleira na minha cintura. Então, fiquei bastante
ansioso e preocupado. Esperei ela ir ao banheiro e conferi se tudo estava na
mochila, inclusive o dinheiro, e aí coloquei a doleira no meu corpo.
Chegamos em Madri e fomos
passar pela imigração. Entramos numa fila, mas a fila do lado era menor. Então,
mudamos de fila. E, como todos sabemos, a fila do lado sempre anda mais rápido
do que a nossa. A fila da qual saímos estava maior, mas andava mais rápido.
Então, vimos as pessoas que estavam atrás da gente serem atendidas bem antes.
Depois pegamos uma outra
fila, enorme, para sermos revistados, pois pegaríamos um outro voo com destino
à Lisboa. Eles pediram para tirar os eletrônicos e metais da mala de mão e da
mochila para passar no Raio-X. Minha máquina fotográfica e a mala de mão foram
escolhidos para serem analisados por uma pessoa. Isto é muito normal, eles
fazem isso com todo mundo e em qualquer suspeita. Da mala de mão ela pegou a
bolsinha de remédios, mexeu, olhou e depois mandou eu colocar tudo num saquinho
transparente “ziplock” que ela me deu.
Já com a máquina
fotográfica ela foi além. Mandou eu abrir a bolsa, apalpou os lados e passou um
papel em todas as partes. Ela ia fazer o teste de drogas. Torci e rezei para
que desse negativo. Eu não tinha motivos para ter medo nenhum, mas vai que dá
uma zebra e me escolhem como bode expiatório. Depois, ela mandou eu pegar minha
coisas e disse algo que não entendi direito. Então, eu não sabia se estava
preso ou liberado. Como estávamos em grupo, me disseram que eu estava liberado.
Sendo assim, pegamos o outro voo com destino a Lisboa, também pela Iberia.
Chegamos em Lisboa,
pegamos as malas na esteira e na hora do “transfer” uma moça fez a gente ficar
esperando um tempão. Deu a entender que a CVC tinha esquecido de mandar a lista
como os nomes para esta moça que estava no aeroporto. Sei lá, não entendi
direito, só segui os outros. Eu ainda não estava 100% devido ao ônibus com a
suspensão quebrada do começo da viagem que me fez ficar com ânsia de vômito.
Eduardo Franciskolwisk