Conhecendo o Leitor

Quero saber mais sobre você!

sábado, 16 de julho de 2022

Peguei COVID-19


Tardou, mas não falhou: fui contaminado pelo vírus mortal da COVID-19. E é isso... Vim me despedir do mundo.
 
Adeus, mundo cruel!
 
Cof, cof, cof.
 
Neste momento, minha língua sai um pouco para fora da boca e minha cabeça cai de lado em cima do ombro. Empacoto, igualzinho o Rei Sapo em Shrek.
 
Agora, deixando de drama poético, vamos ao drama da vida real.
 
********
 
Estamos numa época fria do ano, inverno. Embora no Brasil não tenhamos frio de verdade, eu sinto muito frio de verdade. E como no mundo ninguém liga para ninguém, o ar condicionado do meu trabalho fica ligado o dia inteiro e com o ar gelado batendo em mim. Eu fico de blusa o tempo todo, seja no inverno, seja no verão. Sou o louco da blusa.
 
Eu era o louco da blusa quando entrei neste trabalho, depois me mudaram de lugar e isto parou. Agora, me mudaram de lugar de novo e esta porra de eu ter que ficar passando frio voltou. Mudanças do setor público que acontecem sem nenhum planejamento ou pensamento a longo prazo: coisa básica que fode o Brasil desde sempre. Ninguém liga.
 
Agora, então, eu passo frio e estou sofrendo com isto. Mas ninguém que saber. Foda-se. Porém, estou ficando muito doente, com garganta inflamada, tosse, sinusite e esta porra toda. Tenho certeza que ficar assim por muito tempo diminuiu a minha imunidade e por isto eu peguei COVID-19.
 
A cereja do bolo é que eu tirei 10 dias de férias mais 1 dia de abonada. Meu último dia de trabalho foi quinta e na sexta de manhã acordei me sentindo mal, com a sensação de que eu estava com febre. Pobre é uma beleza. Trabalha o ano todo e quando pega férias ainda fica doente. Isto sim é um drama de vida real. Com tantos dias para morrer no ano, a doença mortal chega bem nas férias.
 
Levantei e nem pensei em COVID. Amaldiçoei o ar-condicionado e as pessoas que ligam ele em “modo nevar” no inverno. Peguei o termômetro para ver se eu estava com febre: 37,5ºC. Não era febre, mas estava no caminho. Então, já tomei remédio para gripe, dor de garganta, gonorreia e câncer. Dei uma melhorada com o decorrer do dia.
 
No sábado, acordei melhor, mas o nariz estava escorrendo. Limpei a casa com uma invenção muito genial da minha parte: coloquei um pedaço de papel higiênico no nariz. Simples e eficaz. Ficou parecendo que eu estava com o piercing do Bebop das Tartarugas Ninjas, mas quem liga para isto?
 
No domingo, dei uma piorada e saí para comprar vitaminas, spray de nariz e outras drogas básicas como cocaína e metanfetamina. Não se esqueçam, crianças, tudo é válido na guerra contra os ares-condicionados. Minha mãe começou a tossir e a achar que tinha ficado resfriada.
 
Na segunda e na terça, eu fiz a minha pequena e modesta contribuição na transmissão de COVID pela cidade.
 
Na quarta-feira, acordei umas 11 horas e logo minha mãe chegou com a notícia: ela estava com COVID-19. Achei que ela estava zoando porque ela tinha saído para a manicure. Não conheço muitas manicures que fazem teste de COVID. Mas foi mais ou menos isto o que aconteceu. Minha mãe estava tossindo muito e a manicure colocou na cabeça dela de fazer o teste de COVID. Ela foi na Unimed e fez o teste rapidinho. O resultado foi positivo. Eu não acreditei.
 
Era muito provável que eu também estivesse, mas eu só estava sentindo dor de garganta e tosse.
 
Fiquei pensando em ir ou não ao posto de saúde. Ao contrário da minha mãe, sou pobre e não tenho mais plano de saúde. Só tenho o SUS, o sistema de saúde que todos políticos brasileiros deveriam ser obrigados a utilizar enquanto exercem mandatos eletivos.
 
Cheguei às 18 horas. Mandaram os suspeito de COVID ficarem numa tenda lá fora do posto de saúde, no frio e no vento do mês de julho. Achei esquisito, fazia e não fazia sentido ao mesmo tempo.
 
Na hora do exame, não senti nada quando o swab entrou nas duas narinas para retirar amostras. Não senti nem vontade de espirrar. Este foi meu segundo exame feito com o swab no nariz. Da primeira vez, eu senti um incômodo forte e meus olhos lacrimejaram bastante. Provavelmente, a culpada foi a técnica de enfermagem que foi a mesma que me aplicou uma injeção que deixou meu bumbum roxo e com um calombo duro por 1 mês.
 
Lá pelas 20 horas, o exame ficou pronto. E aquelas pessoas que estavam passando frio na tenda, foram divididas em 2: quem ganhava folhinha e ia embora e quem ganhava folhinha e ia para uma sala. Eu não ganhei folhinha e fui para a sala. Saí procurando minha folhinha, mas não estava pronta. Não tinha problema, mandaram eu voltar para a salinha. A salinha dos infectados. Lá era o meu lugar.
 
Aí, passei pelo médico. Ele me examinou, fez perguntas e me deixou na sala por um bom tempo sozinho. Depois, já voltou com o atestado médico de 5 dias e com a receita médica: 4 medicamentos.
 
Um atestado médico de 5 dias para uma pessoas de férias. Pior que isto é um atestado médico de 5 dias para uma aposentada, caso da minha mãe. Mas a médica que atendeu ela perguntou se precisava, no meu caso, o médico não perguntou nada.
  
Os medicamentos que o médico me receitou foram:
- Azitromicina 500 mg – 1 Comp ao dia por 5 dias.
- Prednisona 20 mg - 1 Comp ao dia por 5 dias.
- Dipirona 500 mg - 1 Comp de 6/6 horas, se febre ou dor.
- Celestamine Xarope – Tomar 10 mL de 12/12 horas por 5 dias.
 
Destes eu só tive que comprar o Celestamine, que custava mais de 50 reais. Mas comprei o genérico (Maleato de Dexclorfeniramina + Betametasona) e paguei R$ 12,90. Os outros remédios eu ganhei no postinho mesmo.
 
Agora, já terminei os remédios e minha garganta inflamou um pouco e minha tosse continua igual ou um pouco pior do que antes. Amanhã é meu último dia de férias.
 
Eduardo Franciskolwisk

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leitores, se forem comentar como anônimo por facilidade, peço que deixem pelo menos seus primeiros nomes como assinatura.

Mas se fizerem questão do anonimato, não tem problema!

TOP 10 do Mês

Arquivo do Blog