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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Arranhões em uma gata

Arte: Freddy Cat - Alana McCarthy

 

Eu me lembro de uma menina fantástica que apareceu com alguns machucados no antebraço.
 
— O que é isto, menina maravilhosa? – perguntei analisando as feridas.
 
— Foi o gato. Ele me arranha quando brinco com ele. – ela me respondeu.
 
Logo pra acima de “moi”! (significa mim em francês, pra quem não sabe... se pronuncia moá)
 
Sou um perito formado pela série televisiva CSI - Crime Scene Investigation.
 
Escancaradamente uma mentira.
 
Tive gatos 75% da minha vida e enchia bastante o saco deles. Eles retribuíam o carinho com arranhões.
 
Um arranhão para um lado, outro arranhão para o outro. De cima pra baixo, de lado pra cima. A maioria dos arranhões eram rasos, mas um ou outro eram profundos. Cada um no seu formato único e aleatório.
 
— Acontece, menina Bela, que estes machucados estão muito retinhos e iguais. Não foram feitos por um gato, mas sim por um estilete. – pensei, mas não falei nada.
 
Mas ficou um sentimento de impotência dentro de mim. De querer ajudar e não conseguir. De querer saber do sofrimento e não ter ideia do que fosse.
 
Ofereci ajuda discretamente dizendo “Tá tudo bem? Foi o gato mesmo? Se você precisar conversar sobre alguma coisa, me avisa!” e foi o mesmo que falar para o vento.
 
Agora tínhamos 2 feridos: o antebraço dela e o meu coração.
 
Desejei profundamente, com todas minhas forças, que a autoagressão parasse por ali. Sem nenhuma escalada durante a vida daquela menina. Uma menina gata.
 
Eduardo Franciskolwisk

11 comentários:

  1. Automutilação é um problema psicológico grave. É o primeiro passo para uma tentativa de suicídio, creio eu. São tantos sentimentos ruins que vamos guardando no coração que uma hora explode, vem à tona. O pior, que é difícil pessoas que estão passando por isso procurar ajuda.

    Não sei se teu relato é algo real ou fictício, poderia ser ou um ou outro. Mas tive alguns lampejos metafóricos nesse relato da "menina gata que não foi arranhada por um gato".

    Um abraço.

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    1. Obrigado pelo comentário, xará!

      Sempre é difícil pedir ajuda em certas ocasiões. Às vezes, nem a pessoa sabe que precisam de ajuda.

      Acho que vou deixa o mistério se é real ou fictício... kkk

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  2. Um texto que reflete ternura e força, revelando a delicadeza até nas pequenas feridas da vida. Encanta pela sensibilidade e pelo olhar atento ao detalhe.

    Com carinho,
    Daniela Silva
    alma-leveblog.blogspot.com
    Espero pela tua visita no meu blog

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    1. Obrigado por compartilhar comigo o que o texto te passou.

      Gostei muito que vc tenha visto ternura nele.

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  3. Você ainda faz crônicas e contos muito bons, hein?
    Esse me deixou um pouco desconfortável. Não á gatilho nem nada, eu só sou um pouco sensível com a ideia de automutilação. Nunca pratiquei e a ideia me deixa meio espantado. Relatos de tortura, mutilação e afins sempre fazem eu me contorcer um pouco. Agredir a si mesmo, por algum motivo, me choca muito.

    Muito bom. O assunto é desconfortável mesmo, não tem como.

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    1. Olá, Skull

      Obrigado. Impressão sua. A cada dia que passa escrevo pior.

      Não foi minha intenção causar desconforto com ele, embora seja uma história um pouco triste.

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    2. Acho que não, hein? Acho que ainda escreve bem.

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  4. Eduardo,
    Estou chegando aqui
    e vou ler as publicações e
    voltarei para de fato pra comentar;
    Os temas são interessantes.
    Já seguindo aqui, vou gostar
    se receber sua visita no
    Espelhando.
    Bjins&Abraço
    CatiahôAlc.

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    Respostas
    1. Olá, Catiahô

      Que bom que vc veio e comentou.

      Espero que goste do que leu por aqui.

      Volte sempre.

      Já visitei o seu blog.

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