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quarta-feira, 27 de maio de 2020

Produtos que diminuíram de peso


Trouxas! Você e eu somos trouxas.

Nos supermercados há um monte de produtos que diminuíram de peso, mas o preço continuou o mesmo. Ou seja, pagamos o mesmo valor, mas levamos para casa uma menor quantidade.

Apesar da redução especificada na embalagem conforme a lei, a maioria das pessoas nem se dá conta de que isto aconteceu. A maioria das pessoas não lê rótulos, por isso ninguém ligou muito para o assunto. Elas ainda acham que levam o mesmo tanto porque pagam o mesmo valor.

Este truque das indústrias recebe o nome de maquiagem de produtos.  O volume ou peso do produto diminui, mas o preço se mantém.

Mas o preço do produto não deveria ter sido proporcionalmente reduzido, já que o peso ou volume diminuiu?

Sim, na minha opinião. 

Esta é uma prática que faz a gente ter a ilusão de que não está tendo inflação no país. Afinal, os preço nunca sobem.

Mas na verdade eles sobem.

Se antes você pagava 1 real em 200 gramas de chocolate e agora você paga 1 real em 100 gramas, significa que aquele produto teve um aumento de preço. Mesmo você pagando 1 real na unidade, você precisará comprar 2 unidades para ter as mesmas 200 gramas de anteriormente. Agora você gastará 2 reais para comprar a mesma quantidade de chocolate, ou seja, o dobro.

Revoltado com as sacanagens da indústria, resolvi fazer esta postagem. Será uma forma de registro para que daqui alguns anos possamos fazer algumas comparações nos volume e pesos de alguns produtos.

Veja abaixo alguns produtos que sofreram maquiagem:


O sabonete Protex teve seu peso reduzido de 90 g para 85g.
Redução de 5g ou 5,6%.



A bolacha Trakinas teve seu peso reduzido de 136 g para 126 g.
Redução de 10 g ou 7,4%.

Reduções anteriores:
De 154 g para 143 g.
De 143 g para 136 g.


O chocolate Nestlé teve seu peso reduzido de 100 g para 90 g.
Redução de 10 g ou 10%.

Reduções anteriores:
De 170 g para 150 g. Redução de 20 g (12%)
De 150 g para 125 g. Redução de 25 g (17%)


A bala Halls teve seu peso reduzido de 34 g para 27,5 g.
Redução de 8,5 g ou 19%.


A pasta de dente Close Up Triple teve seu peso reduzido de 90 g para 70 g.
Redução de 20 g ou 22%.


O sabonete Johnson´s teve seu peso reduzido de 90 g para 80 g.
Redução de 10 g ou 11,2%.


O bombom Sonho de Valsa teve seu peso reduzido de 21,5 g para 20 g.
Redução de 1,5 g ou 7%.


O bombom Ouro Branco teve seu peso reduzido de 21,5 g para 20 g.
Redução de 1,5 g ou 7%.


A pasta de dente Close Up White Now teve seu peso reduzido de 90 g para 70 g.
Redução de 20 g ou 22%.


O sorvete da Kibon, Cremosíssimo, teve seu peso reduzido de 1.037 g para 992 g.
Redução de 45 g ou 4%.
Incrivelmente, manteve o mesmo volume: 2 L.
Devem ter tirado sorvete e colocado ar.


A Fanta, nesta garrafinha, teve seu volume reduzido de 250 ml para 200 ml.
Redução de 50 ml ou 20%.


O salgadinho Pingo D´Ouro, sabor picanha grelhada, teve seu peso reduzido de 65 g para 35 g.
Redução de 30 g ou 46,15%


A batata palha da Elma Chips teve seu peso reduzido de 140 g para 110 g.
Redução de 30 g ou 21,43%.


O Cookie Delicious (sabores chocolate e baunilha), do supermercado Dia, teve seu peso reduzido de 200 g para 120 g.
Redução de 80 g ou 40%.


O bolinho Ana Maria (vários sabores) teve seu peso reduzido de 45 g para 42 g.
Redução de 3 g ou 6,7%.

Sempre que eu puder, vou atualizar esta página com mais produtos que reduziram seu peso ou volume.

Deixe em seus comentários. Compartilhem esta postagem!

Veja o vídeo abaixo que fiz sobre o assunto. Foi um fracasso! Afinal, somo trouxas. Não ligamos para isto.



Eduardo Franciskolwisk

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Vila de Óbidos – Viagem a Portugal e Espanha


Dia 4 – Óbidos

Manhã

Óbidos é uma vila medieval. Ela tem um castelo e é cercada por uma muralha, o que ajudava a se proteger dos inimigos. É conhecida por ter, entre suas muralhas, casinhas brancas com faixas coloridas.

Uma curiosidade é que a Vila de Óbidos era dada às rainhas de Portugal pelo rei. Ou seja, a vila fazia parte do dote de casamento.

Me lembro que a primeira coisa que vi quando desci do ônibus foi o aqueduto. Pensei ”Que legal, um aqueduto romano de verdade!”, mas pensei errado. Só agora, pesquisando para este post, é que soube que o aqueduto é relativamente “novo”. Começou a ser construído em 1573 a mando da rainha Catarina de Áustria, esposa do rei D. João III.

Desci do ônibus e vi: Aqueduto de Óbidos

Aqueduto de Óbidos: não é romano.
Começou a ser construído em 1573.

Fomos em direção às muralhas que protegem a vila. Elas são bem altas. A porta de entrada principal da Vila de Óbidos foi concluída em 1380 e ao adentrarmos, caímos em uma pequena área retangular cercada pelas altas muralhas. Havia outra porta à frente e na diagonal e esta sim dava à Vila de Óbidos. No sistema de defesa, eles tinham 2 portas. Se a primeira cedesse, os invasores ainda teriam que derrubar a segunda e estariam encurralados e em desvantagem, levando as flechadas (e outras coisas) que vinham do alto.     

Entrada da Vila de Óbidos e sua muralha

Porta principal de acesso
à Vila de Óbidos, concluída
por volta de 1380.

Após entrar na Vila, vemos à esquerda uma escada em pedras que leva até o topo da muralha. Como tinha chovido, as pedras estavam molhadas, então o guia aconselhou a não andar muito pela muralha pois elas não têm nenhuma proteção lateral. Então, se alguém escorregasse, era hospital na certa. Segui o conselho, mas subi para tirar algumas fotos. Na descida, quase escorreguei nas escadas por causa do meu tênis. Então, era bom mesmo que eu não andasse nas laterais.

Escada para subir na muralha

Escada para subir na muralha

Pessoas andando pela muralha: não há proteção lateral.
Notem a altura da muralha em relação ao chão.

Vila de Óbidos vista de cima da muralha.

Segui em direção ao castelo por uma ruela (rua estreita). Um loja estava oferecendo a ginjinha de Óbidos, que é um licor obtido da ginja – um tipo de cereja azeda – em um copinho de chocolate para quem quisesse experimentar. Não aceitei, mas até hoje imagino que aquele copinho de chocolate devia estar uma delícia. Já o licor, qualquer um, não me agrada em nada. 

Rua estreita

Segui em frente pela ruazinha e encontrei uma igreja, a Matriz de Santa Maria. Não tive a menor vontade de entrar. Igreja já vi inúmeras na minha vida, mas um castelo de verdade eu nunca tinha visto. E eu queria ver o castelo!

Igreja Matriz de Santa Maria

Mas antes de encontrar o castelo, encontrei um gato. Um gato meio fora de forma. Quero dizer, ele tinha uma forma, mas era uma forma, digamos, esférica. E suspeito que era um gato português por causa do bigode.

Gato português

Depois, encontrei outra igreja. E também, outro gato. E me enfiei em um lugar sem saída, sem ninguém e muito bonito.

Outra igreja

Outro gato

Lugar sem saída, sem ninguém e lindo.

Como graças a Deus não encontrei mais nenhuma igreja, não encontrei mais nenhum gato. Por isto, encontrei o castelo.

Quase escorreguei umas 4 vezes enquanto tirava as fotos do castelo por causa do meu tênis. Alguns lugares eram bem íngremes. Foi do mesmo jeito de quando eu estava descendo a escada da muralha. Depois disso, não usei mais aquele tênis durante a viagem e não escorreguei mais.

Castelo de Óbidos

Lateral do Castelo de Óbidos

Porta do Castelo

Castelo de Óbidos com a porta

Devo confessar que fiquei meio decepcionado. Do lado do castelo tinha uma estrutura enorme que parecia um circo ou um palco. Atrapalhou a maioria das fotos e tirou o ar medieval do local.

Estrutura que estragou o cenário.

E no castelo medieval, puseram uma janela dos dias atuais de forma bem grosseira. Estragou o castelo. Dá para ver claramente que um remendo foi feito ali de qualquer jeito. É importante eu dizer que o castelo hoje é uma pousada, ou seja, as pessoas dormem lá. Então, alguém achou que precisava de uma janela e, simplesmente, puseram sem se preocupar com a estética.

O castelo medieval de Óbidos tem uma janela
dos dias atuais?

Outro ângulo sem a janela.

Vila de Óbidos vista do Castelo

Quando estávamos indo embora pela ruazinha, cruzamos com um caminhão e várias pessoas enfeitando a rua com ramos (acho que era alecrim ou oliveira). Era Domingo de Ramos. Ficou um cheiro gostoso no ar de planta recém cortada.

Pessoas felizes espalhando ramos pelo chão

Ramos espalhados pelo chão

Depois disto, entramos no ônibus e fomos até o Santuário de Fátima. E será sobre isto que vou contar na próxima postagem sobre a viagem.

Eduardo Franciskolwisk

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Explosão Tchakabum



Dias atrás, fui ao supermercado e na hora de ir embora me deu vontade de bater em um deficiente. Eu tenho algum problema, Doutor?

Não sei o que o Doutor diria, mas eu digo que sim, tenho muitos problemas. E um deles é relativamente novo: eu explodo com facilidade. Dependendo do meu humor e do que tiver acontecido, o sangue me sobe à cabeça e vou para cima com tudo. Até agora nunca agredi ninguém fisicamente, embora não faltasse a vontade. Até agora vou para cima só com as palavras.

Neste dia que fui ao supermercado, eu estava de boa na lagoa, não estava nem um pouco nervoso. Era uma quinta-feira e fui fazer compras no período da tarde por causa da quarentena. Eu costumo ir de noite em épocas normais porque escolho um horário que não tem muita gente justamente para evitar inúmeras situações chatas e encontrar pessoas.

Fiz minhas compras sossegado, paguei sossegado, mas a hora de guardar as compras no carro foi bem bizarro. Geralmente, de dia, tem alguns vendedores ambulantes, então, eu vi um cara que poderia ser um destes vendedores e como ele não me falou nada, passei reto. Mas passei reto bem desconfiado, por isso, tentei colocar ele na minha visão periférica. Olhei de um lado ele não estava, do outro também não. O cara estava atrás de mim. Fiquei com medo de ser assaltado. Era certeza que ele ia fazer alguma coisa comigo. Cheguei no carro, olhei para trás e ele estava lá, quase em cima de mim. Era um pedinte.

Um pedinte quase em cima de mim durante a quarentena do coronavírus. Eu não gosto de gente em cima de mim nem em época normal.

O pedinte, moço novo de uns 20 e poucos anos, não era mendigo porque estava bem vestido. Ele não me disse nada e mostrou um cartão – na verdade ele deu, mas eu não peguei por causa do coronavírus – onde rapidamente li “deficiente”. Ele meio que balbuciou alguns sons. Entendi que ele era surdo-mudo e como eu não queria dar nenhum dinheiro para ele, fiz sinal de “não” com a mão.

Ele fez que não entendeu o meu “não” e balbuciou bravo outros sons. Eu também fiz sinal de “não” de forma mais enfática. E pode parecer engraçado ou triste, mas fiz sinal para ele sair de perto de mim como se ele fosse um cachorro. Sabe quando você expulsa aquele cachorro que acha que vai te morder? Fiz muito parecido. Não pensei em outra forma de falar para um possível “surdo-mudo-sem-noção” para sair de perto. Queria que ele se afastasse, ele estava muito próximo de mim.

Ele não saiu. Nem se moveu um centímetro. E pior, na sacanagem, ele apoiou seu peso no meu carrinho com um dos braços querendo dizer “Daqui, eu só saio quando você me der o dinheiro”. E foi aí que eu fiquei puto da vida, que o sangue me subiu à cabeça e eu tive muita vontade de partir para cima dele. Eu queria muito bater nele. Tive um acesso de raiva muito grande. Eu explodi.

Aí, eu imaginei as manchetes de jornal: “Eduardo Franciskolwisk bate em deficiente”. Com uma foto minha na capa em um ângulo nada favorável à minha beleza natural. Vamos mais longe e imaginar o mudo dando entrevistas para canais de televisão. É incrível, mas eu tive a frieza de pensar este tipo de coisa e consegui me segurar. Então, posso dizer que a explosão de verdade foi internamente.

Controlei a raiva, mas ela ainda estava lá. Então, eu comecei a empurrar ele com o carrinho de compras. Pode rir, imaginar a cena é engraçado até pra mim. E eu fazia sinal de “não” com a mão para ver se o folgado entendia.

Com muito custo e muitos “nãos” com a mão reforçados com a boca, ele saiu de perto de mim. Mas já tinha me irritado e chegado perto o suficiente para me transmitir COVID-19. Deficiente filho da puta. Graças a Deus ele não encostou em mim. 

Mas... pensando bem, ele encostou no carrinho. Ele apoiou justamente no local onde colocamos as mãos para empurrar o carrinho e depois eu segurei lá para afastar o carrinho de comprar do meu carro. E depois, eu encostei no volante. E só pensei nisso quando já estava dirigindo de volta para casa.

A vida é uma merda porque ela vive nos ferrando. As pessoas são uma merda. A Terra seria um lugar bem melhor sem os seres humanos. Eu fui de máscara para o supermercado, passei álcool 70% nas mãos na entrada e na saída, tomei todos os cuidados de não encostar a mão no rosto e de ficar a uma distância razoável das pessoas. Aí, vem um jovem, aparentemente forte e normal, se dizendo deficiente e me infecta com coronavírus. Dá vontade de bater mesmo, de espancar.

Talvez eu até apanharia do deficiente em uma briga. A única deficiência dele é ser surdo e mudo. Ele pode muito bem trabalhar em alguma coisa. Claro que não vai ser cantor porque é mudo. Também não vai ser atendente de telemarketing porque não ouve. Mas existe algum emprego em que ele possa trabalhar e não pedir esmolas. Ele não é deficiente mental, caso contrário ele não teria a sacada genial de apoiar no carrinho para me dizer que só sairia dali com o dinheiro. Ouso dizer que, talvez, ele não tenha deficiência nenhuma e aquele é o trabalho lucrativo e fácil que ele arrumou.

Isto tudo me fez pensar em como eu tenho explodido facilmente em algumas situações. Também pensei que eu não estava totalmente errado em querer agredir aquele folgado. Por outro lado, percebi que consigo controlar esta explosão de raiva, posso xingar, mas evito brigar de porrada. O único problema é que se a explosão dentro de mim acontece fácil e constantemente, um dia não vou conseguir controlar.

E quando isto acontecer vai ser uma “Explosão Tchakabum, é a onda do verão, explosão muito quente, quente feito um vulcão...” ♪.

Eduardo Franciskolwisk

P.S.: Descobri, fazendo esta postagem, que a letra correta da música é:

“Explosão Tchakabum
Com a dança do verão
Explosão muito quente
Quente feito um vulcão”

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