Esta história aconteceu quando eu era pequeno, mas não muito! Eu me lembro bem do que aconteceu porque a coincidência dos fatos não me deixa esquecer. Foi com Chevette, um carro velho pra burro.
Toda criança que vai a um supermercado não consegue sair de lá sem dizer:
– Mãe, me dá isso?
– Mãe, compra aquilo?
Pois é, eu também não conseguia. E insisti tanto, mas tanto que ela se irritou! Estava muito brava comigo. Por infelicidade, tínhamos o costume de ir a vários supermercados para saber onde estava mais barato e eu já a havia irritado no primeiro.
Eu saí de lá fazendo biquinho porque eu estava magoado. E saí sem o que eu queria comprar. Fomos, então, para outro supermercado. No caminho, percebi que tinha caixas de fósforos no porta-luva e as peguei. Minha mãe viu, mas não disse nada.
Chegamos ao outro supermercado. Era bem menor que o outro, não tinha nem estacionamento próprio, por isso paramos bem em frente da porta de entrada.
Olhei para ela com as caixas de fósforo na mão, mas não disse nada. Ela abriu a porta do carro para sair e eu abri também. Ela não gostou nadinha da história de que eu também entraria no supermercado. E falou de modo bem bravo:
– Eduardo, entra no carro e não saia daí por nada nesse mundo! Eu estou mandando!
Eu, como era só um pouquinho bobo, voltei na hora! Nem retruquei nem nada! Imediatamente, comecei a brincar com as caixas de fósforos fingindo que não estava nem aí para o mundo. Porém, acho que ela estava. Antes de entrar no supermercado avisou:
– Se você acender algum palito de fósforo, você não sonha o que vai acontecer com você.
Ela deixou bem claro, também, que se eu fizesse aquilo, o carro poderia pegar fogo. Por isso não era para acender. Depois disso, foi fazer tranqüilamente suas compras.
E eu lá, tranqüilamente esperando!
A armadilha do destino tinha sido armada. Minha mãe estava brava comigo, eu não podia sair do carro em hipótese alguma, não podia acender nenhum fósforo. Estava dentro daquele carro só pensando na vida.
De repente, de uma hora para outra, começou a sair fumaça pelos buracos que existiam no volante. Eu arregalei os olhos e fiquei desesperado. Achei que minha hora tivesse chegado. Se o carro estivesse pegando fogo eu morreria queimado porque eu estava proibido de sair dali.
Eu não sabia o que fazer. Como estava saindo fumaça do carro, sendo que eu não tinha acendido nenhum palito de fósforo? Como? O que pensariam de mim? Todos achariam que eu tivesse posto fogo naquele carro. E, no entanto, não tinha feito nada.
Abri os vidros e comecei a gritar por socorro. E quem disse que alguém dava bola para mim? Ninguém... Só depois de meia hora é que minha mãe apareceu por causa dos meus gritos. E pensei:
– Agora é que ela me mata! Eu estou com a caixa de fósforos na minha mão, está saindo fumaça desse buraco e ela não vai acreditar que eu não sou o culpado.
– O que aconteceu? – quis ela saber.
– O carro está pegando fogo, está saindo fumaça daqui de dento – apontei para o volante e olhei para ela. – Eu juro que não acendi nenhum fósforo...
– Eu sei... esse carro solta essa fumaça de vez em quando! Já aconteceu comigo
Aí, eu fiquei mais aliviado.
– Por que você não saiu do carro? – quis saber novamente.
Eu respondi:
– Porque você me mandou não sair por nada deste mundo!
E tudo foi resolvido. Meu susto não passou de simples coincidência. E que coincidência...
Eduardo Franciskolwisk
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