“O vazio da Alma”, de Albert György. |
Eu já
entendi uma coisa há muito tempo: eu tenho depressão e terei que conviver com
este fato pelo resto da minha vida. Sempre estarei deprimido. Na maior parte do
tempo será uma “depressão Nutella”, mas algumas vezes será a “depressão raiz”. Depois
de muito tempo levando uma vida quase normal, a depressão profunda bateu novamente
à minha porta.
Estava
tudo bem. Ao trancos e barrancos, como sempre, mas eu estava estável. Aí, no
começo de junho aconteceu uma coisa que me deixou muito confuso, triste e
perdido. Mais um pedaço de mim morreu. Talvez a depressão seja isto, você não
morre tudo de uma vez; só a alma morre aos poucos, pedaço por pedaço, enquanto
o corpo fica ileso. Há um desequilíbrio e por isto é uma doença.
Hoje,
eu não considero meu estado depressivo, mas posso dizer que estou em uma
pré-depressão. Não estou no fundo do poço, mas estou à beira dele e posso cair
a qualquer momento com o empurrão de uma formiga ou com um sopro de vento.
Foram
2 semanas ruins. Pensei em comprar o objeto e quase o comprei. Não tive vontade
de comer, de ver TV, de quase nada. Nem de escrever ou imaginar algo. Não tive
nem vontade de entrar no blog, coisa que faço religiosamente todos os dias para
ver dados. Eu ficava a maior parte do tempo imóvel e olhando fixo para algum
lugar, pensando nas merdas da vida. A parte boa é que emagreci 1,5 kg em uma
semana.
Comecei
a ter descargas de adrenalina quando ouço algum barulho de construção na rua. Passei
a achar que era o telhado da casa desabando em mim. Não dormi muito bem na
primeira semana mesmo tomando meus remédios normalmente antes de deitar – 0,5
mg de alprazolam e 10 mg de escitalopram.
Eu
tenho medo de fazer as coisas porque nunca sei como as pessoas reagirão àquilo.
Então, prefiro não fazer nada porque dá menos trabalho, é mais cômodo. Assim,
não arrumo encrenca para o meu lado. Eu já percebi que sempre sou o culpado por
tudo; mesmo quando não sou, tenho de ouvir coisas que não precisaria ou não
mereço. E eu não aguento mais, estou chegando no meu limite.
A
sensação de que uma coisa muito ruim acontecerá voltou depois de muito tempo
sem senti-la. O coração dispara, tenho descargas de adrenalina devido a coisas
da minha imaginação relacionadas com fatos reais. Parece que meu coração (o
órgão físico, não a emoção) explodirá. Isto acontece até quando estou tranquilo
e surge do nada. Isto é o pânico.
Acho esta
crise só não foi pior porque estamos em quarentena e estou trabalhando apenas 4
horas por dia; dia sim, dia não.
Atualmente,
ainda não voltei ao que estava antes. Talvez, nunca mais volte. Mas estou
melhor. Cada vez querendo saber menos das coisas e das pessoas e me importando
menos com elas. Tudo é muito vazio e sem sentido.
Eduardo
Franciskolwisk
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